O blogger é atualizado de acordo com as batidas do meu coração. É um prazer tê-los comigo.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Relacionamentos românticos e o ciclo da vida

Eu nunca me distraio, percebo tudo que me cerca, creio que tudo, mas tudo mesmo contêm alguma lição, e se acontece sob minha "jurisdição" é porque dali, vou assimilar algo. 
Relacionamentos humanos são grandes fontes de aprendizados, mas ainda assim, destaco relacionamentos românticos como as maiores fontes de aprendizado. Pais e filhos, irmãos, avós, tios e primos, enfim, são relações impostas, já o amor é uma relação escolhida, mesmo que de certa forma, seja uma escolha "prisioneira" de todas as nossas outras relações. 
Creio indiscutivelmente na doutrina da reencarnação, mas como questiono tudo, sempre busquei entender qual é o objetivo Divino para jogar sobre nós o véu do esquecimento, pois caso lembrássemos o que fizemos em outra vida, seria tão mais fácil seguir o caminho da luz e não tropeçar nas mesmas pedras. Li muito sobre isso e ouvi outros mais estudiosos, mas nunca fui saciada nessa questão. Deixei-a de lado. 
Hoje após o fracasso de mais um casamento, e desabafos de decepções amorosas de vários amigos - deslealdades dos parceiros, traições, atos levianos, mentiras, omissões, justificativas diversas, e aquele desfecho de sempre - cada lado tem sua versão, cada um defende sua verdade, cada um tem o que acusar e também o que se defender, pensei "se todo candidato a novo parceiro fosse colocado em uma sala fechada com o ex de seu atual amor, e ali pudesse ouvir tudo sobre ele, será que não poderia ser evitado mais sofrimento e rompimento?" Ri de mim mesma, claro que não! Histórias são vivenciadas a partir dos protagonistas, ou seja, se mudam os personagens, muda o enredo. Quem foi desleal, traiu, mentiu, omitiu, não quer dizer que agirá do mesmo modo. Mas, que há uma tendência, ah... isso há! Mas a vida não é feita de tendências, histórias não são construídas sobre suposições e achismos... O caminho a dois não existe, o que existe são dois que construirão um caminho comum e singular. Pessoas têm a chance de se transformar a partir do referencial que o novo parceiro lhe trás, a partir de um olhar, de um gesto, de uma postura, portanto, ouvir de um ex a respeito do atual, é tolher chances e possibilidades de, a partir daquela convivência, nascer outro ser humano, e isso ninguém tem o direito de fazer. Uma história não pode condenar seu personagem para sempre.
Dessa forma, creio que encontrei a minha resposta a respeito do véu do esquecimento da doutrina reencarnacionista. Lembrança de outra vida seria um alerta sobre nossas falhas, o que desencadearia temores, inseguranças e medos, embotando assim novas possibilidades, encolhendo nossa crença acerca de nós mesmos, nos forçando a olhar para aqueles que fizeram parte da nossa caminhada de modo tendencioso, dando maiores chances a uns e excluindo outros. Isso não seria uma nova vida... Isso seria uma vida recomeçada, cheia de retalhos emendados, de cacos colados, de suspiros entrecortados. 
Vida nova precisa ser toda nova. Portanto, boa sorte a todo ex e suas atuais, e a mim e a você que somos atuais do ex de alguém, e somos ex dos atuais de outras... É o ciclo da vida.
Como na "Quadrilha" de Drummond:"João amava Teresa que amava Raimundo 
                                                                 que amava Maria que amava Joaquim 
                                                                 que amava Lili que não amava ninguém..."

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Consciência

Sempre temi que, por um motivo qualquer, minhas lembranças tornassem simples registros. Sentimentos anestesiados robotizam a humanidade e fazem do mundo isso que assistimos dos nossos camarotes. Quando meus filhos eram pequenos e, andando pelas calçadas nos deparávamos com algum pedinte ou deficiente, eles, como toda criança, ficavam parados, olhando, e eu sempre deixava. Nunca os puxei pela mão para que andássemos mais rápido evitando aquela "paisagem feia". Era preciso aprender olhar e ver. Esses dias atrás estava assistindo com meu filho, uma reportagem sobre essa carnificina que está ocorrendo em SP e ele fez comentários até sensatos, mas objetivos demais, quase frios a respeito. E, triste me certifiquei que não havia em sua fisionomia, nenhum horror. Estaríamos registrando com o mesmo entorpecimento o ato de matar e o de morrer? 
A humanidade segue cumprindo prazos, buscando metas, respeitando leis, obedecendo a regras sociais e religiosas, mas não sente. A obediência, confortavelmente, ocupa o lugar da incômoda consciência. E vemos um bando de cegos seguindo cegos. A regra da vez é não pensar. Para que perder tempo pensando se toda e qualquer resposta pode ser encontrada em livros de auto-ajuda, nos discursos dos palestrantes, ou nas pregações religiosas? Consciência é o que ditam, não é mais o que percebemos e elaboramos a partir do que sentimos e vivemos. Tudo pode ser justificado, tudo é aceito, tudo é compreendido. E, na contramão disso, nunca se viu tantas pessoas atormentadas pela culpa, e a partir disso, temos a prova de que, o que não vemos é infinitamente maior do que aquilo que vemos. Ninguém foge à consciência quando essa decide chegar, não tem idade e nem motivo, ela tem vida própria - desperta e exige ser notada. Seguir a maioria é uma máscara. Atrás dela ganha-se tempo para não pensar e não encontrar respostas. Mas não muito; quanto mais o tempo passa, maior será o confronto entre você e sua consciência. E essa, quando chega, nos impede de ceder à pretensão de compreender o que é incompreensível, de comparar o que é incomparável, de aceitar o que é inaceitável e quando percebemos, finalmente emudecemos horrorizados, envergonhados, indignados, culpados, pelo mundo que vivemos e pela vida que levamos. Somos sim responsáveis. Eu sempre afirmo que não carrego culpas, porque busco me manter consciente o tempo todo, e a consciência transforma o "sinto-me culpado por isso" pelo "sinto-me responsável por isso". Sentir-se culpado é estar engessado, sentir-se responsável é estar impulsionado a fazer diferente.
Muito fácil apontar, julgar, acusar e condenar. Mas antes basta fazer-se uma pergunta fatal: meu mundo particular é o mundo que eu gostaria de ver lá fora? Geralmente não é. E aí vem aquela velha máxima - Seja a mudança que você quer ver no mundo.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A minha paz

Sentada na varanda de casa, olhando a chuva fina cair fiquei pensando de onde vem essa paz que me envolve indiferente ao mundo lá fora que segue disparando metralhadoras contra mim por todos os lados. Tenho a impressão que vivo em duas realidades (ou vivemos todos?). Como em Matrix, me pego duvidando se a realidade é realmente o que é. Creio que a realidade seja subjacente às coisas de nossa experiência, mas ainda assim, me perco.
Se a realidade nada mais é do que aquilo que vemos, sentimos e ouvimos, e da confirmação dos outros acerca disso,  o que fazer quando quase ninguém confirma aquilo que você percebe? Geralmente te internam como louco, ou mais respeitosamente, como deficiente mental.
Minha percepção está submersa em uma parte de mim que existe independente do mundo lá fora, e aí, na guerra, eu vejo a paz, na maldade, eu acho bondade, na escuridão eu enxergo a luz. Indevida. É assim que me sinto sempre. Fora do contexto dessa vida estranha. Ou estranha sou eu? Eu vivo totalmente à margem do mundo lá fora ao mesmo tempo em que mergulho tão fundo, que quase me afogo, naquilo em que acredito. Mas o que acredito não é partilhado pela maioria. Não me conformo com uma existência vazia, nunca vou embora cedo, nunca paro na esquina, nunca entro no mar só "até ali", nunca fico sob a chuva "só um pouquinho". Arrisco sempre. Plagiando um amigo, opção é desistência. E vivo a vida pescando e devolvendo ao mar... Quero a serenidade que me permite ser complacente sem sentir-me roubada em nada. 
Vejo pessoas atormentadas, acorrentadas, enlouquecidas na linha de frente da exaustiva batalha pela posse de coisas e pessoas. Pessoas controladoras jamais terão paz. Talvez esteja aí a fonte da minha paz. Sei que nada me pertence, portanto não preciso empunhar armas, porque não tenho que lutar para conquistar nada. Por vezes, apenas preciso defender algo. 
Quem tem as mãos fechadas não pode receber energia. A palma da mão é fonte receptora e doadora, mas para tanto, precisa estar aberta. 
Dizia Heráclito "Difícil é a luta contra o desejo, pois o que este quer, compra-o a preço da alma". E há um mercado negro de almas por aí...
O desapego é a cura da alma e poucos se atêm a isso. Fácil falar de fé e nunca aceitar o que a vida coloca a sua porta. Não tenho religião, mas tenho resignação porque assim como dizia Tales de Mileto, eu também creio tudo está cheio de deuses”, e essa certeza me dá paz.







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