O blogger é atualizado de acordo com as batidas do meu coração. É um prazer tê-los comigo.

domingo, 31 de março de 2013

Carta para Romeu e Julieta



Cara  Romeu e Julieta,
apesar dos mais de 400 anos que nos separam, percebo-os tão atuais que decidi reportar-me a vocês no intuito de compreender como foi protagonizar um amor de dimensões incalculáveis e lealdade indiscutível, evidenciado nos diálogos, entre ambos. Diálogos esses, de extrema exuberância com comoventes versos, eternizados pelo próprio triunfo de uma tragédia onde morrem os amantes, mas não o amor. Dizem por aqui que há muita Julieta se matando pelo Romeu errado, no que discordo, e creio, terei  total apoio. Em 1595 você era apenas uma garota, Romeu apenas um rapaz, morreram para não deixar morrer o amor,  que era dotado de óbvia reciprocidade, e que, mesmo não podendo ser vivenciado, foi palpável e não simplesmente idealizado. Portanto desrespeitoso à memória de vocês, que denominem mulheres em busca de "adoção", obsessivas e obcecadas por "Julietas", e homens, seja lá de que natureza for, de "Romeus". A forma não pode sobrepujar a essência. Como você mesma disse a Romeu: "De que vale um nome, se o que chamamos rosa, sob outra designação teria igual perfume?" Vocês para sempre representarão o  amor, mas entendamos bem - o casal do amor - e não essas caricaturas carentes que derramam sobre o objeto que creem amar, toda a responsabilidade pela sua infelicidade, negando-se a perceber com a alma, a veracidade desse sentimento que, naturalmente, emana do outro, independente de exigências e cobranças. Estranho esse séc XXI não é? Imagino como vocês dois sobreviveriam por aqui... Os casais desconhecem o amor. Banalizam ou dramatizam esse sentimento. Não vejo ninguém que apenas viva e sinta, todos tentam enquadrá-lo. Fico imaginando se algum dia de suas breves vidas, vocês perderam tempo tentando entender o amor, ao invés de simplesmente senti-lo.  Há uma frase de um cantor da atualidade que diz :"Assim que o amor entrou no meio, o meio virou amor", não seria assim? Em minha concepção é exatamente isso.
Certamente você e Romeu queriam ter vivenciado esse amor, por anos e anos - acordar juntos, passear pelos jardins, fazer amor, não é? Não lhes foi possível, e nem assim minha percepção sempre tão aguçada, foi capaz de notar uma palavra de "puro drama" em suas narrativas, muito pelo contrário. Percebe-se sim, palavras de puro enlevo e, em detrimento das dificuldades, dotadas da leveza que todo amor deve conter. Tão diferente do que vemos hoje em dia - onde uma dramatização que beira ao ridículo permeia  relações que foram simplesmente de afeto, desejo, momentos, mas jamais de amor, porque amor é um sentimento de mão dupla, que não termina, e caso termine, é porque foi apenas um engano.
Entendi que vocês traziam dentro de si um dilema: ou embarcavam no amor sem medir as consequências, ou voltavam à realidade. Como o amor e a crua realidade não combinam, a morte foi a melhor solução. Sabe Julieta, hoje em dia a moda para um amor que terminou (porque não era amor), é culpar o outro ou as situações externas. Vocês dois enfrentaram um drama político, social e até mesmo religioso que lhes impediram de viver o amor, mas não de se amar. Porque quando é amor, nada é empecilho. Embarcaram juntos para uma morte em nome desse amor. Hoje em dia isso não exite. Muitos continuam se matando em nome do "amor", mas não é verdade. Matam-se em nome da posse. "O outro não me quer? Me mato". Individualismo é contrário ao amor. Já que é amor, óbvio então que você me queira na mesma proporção em que eu te quero, então, "bora" morrer juntos, na crença de viver esse amor em outra dimensão - uma loucura aceita. Mas já que não é amor, que você não me quer, vou morrer em vida, enterrar meu futuro, viver infeliz para sempre? Ou seja, me enterro por alguém que não me ama? Isso pode ser denominado amor, caro Romeu? Entendo como sendo insanidade, projeção, deslealdade a si mesma, sem contar, a crueldade com o outro que terá que carregar sobre os ombros, o peso da infelicidade que aquele que diz lhe amar, o imputa, por ser mais fácil do que assumir que foi tudo apenas ilusão. E a pergunta final para encerrar essa carta: sinceramente, caros Romeu e Julieta, vocês ousariam sequer pensar em se matar  se duvidassem do amor que sentiam um pelo outro? E então, acham possível que exista essa máxima de  "amar sem ser amado"? Pois partindo do princípio que amor é energia, e que energia é troca, isso torna-se impossível não é? E isso vem desde o séc. XVI... 
Bom, meus caros, infelizmente é essa a noção do amor dos tempos atuais. "Pobres criaturas", creio que sejam isso o que vocês estão pensando nesse instante.

Julieta – Que satisfação podes ter esta noite?
Romeu – A troca com o meu de teu fiel juramento de amor.
Julieta – Já te entreguei o meu, antes que pedisses e quisera fazer-te de novo meu juramento.
Romeu – Queria tomá-lo de mim?
Julieta – Para ser generosa e entregar-to outra vez. Só aspiro à coisa que possuo. Minha bondade é tão ilimitada quanto o mar, e tão profundo como este é meu amor. Quanto mais te dou, mais tenho, pois ambos são infinitos.



sábado, 30 de março de 2013

Nietzsche ou uma mão sobre a minha?


E a história do amor permanece. Um sentimento que carrega infinitas definições. Nunca acatei nenhuma delas, pela impossibilidade, a meu ver, de enquadrar qualquer sentimento. 
Observo tudo, é da minha natureza, mais aguçada ainda, pela formação em filosofia. Impossível  a mim não observar, analisar, raciocinar com justeza em busca de uma lógica. Já cometi a imprudência de tentar catalogar o amor. Sem êxito. Quando eu pensava "Yes! é isso". Vinha a chuva e molhava minha certeza. Consolava-me saber que a chuva não molhava só a mim. 
Não tenho uma visão cartesiana linear da vida, e confesso que tenho um olhar invulgar sobre as relações de amor. Até porque eu tenho uma singularidade de amar o amor, antes mesmo da pessoa. Nunca soube dizer se isso é bom ou ruim. Egoísta, talvez. 
Há muito tempo li uma frase de Quintana "O amor só é lindo quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser". Em segundos escorreguei no arco íris e cheguei ao pote de ouro... Acabava de achar o significado do meu amor. Do amor que eu amo. 
Enquanto eu crescia por dentro em uma velocidade desproporcional aos meus centímetros, eu imaginava que amaria àquele que roubasse uma camélia do pé, e a colocasse, delicadamente, atrás da minha orelha. Era essa minha terna fantasia adolescente. Com o tempo fui entendendo que os fatos são maiores que os atos, e que a camélia poderia continuar na árvore. Quando meus sonhos eram inversos à vida que se apresentava à minha volta, eu imaginava que me sentiria amada ao me enxergar limpidamente, dentro da retina do outro. Também não foi assim. E o tempo passou. E continuei fiel ao amor, e mesmo nos vários lutos que atravessei, antes de enterrar os que me foram caros um dia, eu arrancava o amor com as minhas mãos, ainda sem esperanças, naquele momento. E eu, então, o limpava e guardava-o novamente em algum canto dentro de mim. Nunca desisti dele. Enterrá-lo significava enterrar-me. 
Sempre que o chão fugia sob meus pés, as cores iam sumindo e a melodia desafinando, eu abria a cortina e deixava o sol entrar. Não podia desistir, afinal, o que eu tinha de meu, que não o amor que eu sempre amei? Segui com ele. 
Arrisco-me a dizer que ajudei alguns afetos a, senão se transformar, pelo menos a descobrir o melhor que tinham em si. Acho que não amei, mas ensaiei o amor. Nunca me senti transformada, mesmo desconfiando que fui sim, muito amada. 
Depois da camélia, muitos foram meus ideais de amor, até que no pote do arco íris descobri que o amor que eu amo, está no garimpo do ouro do outro que há em mim. Mas fantasmas rondam... E se ele não souber quem é Nietzsche, nunca tiver lido Fernando Pessoa? E se não souber discutir sobre fé e razão, não divagar sobre a alma? Por longo tempo eu disse NÃO! Absolutamente não! Preciso beber o intelecto do outro, conversar depois de fazer amor, discutir depois de fechar a última página do livro. Mas tenho presenciado coisas do amor que têm me obrigado a rever meus conceitos.  Será que não poderia ser feliz com um abraço demorado e um cigarro acesso depois de fazer amor? Deixaria para conversar sobre Nietzsche no dia seguinte, com algum colega. Não seria melhor fechar a última página do livro e não conversar nada, mas olhar para o lado e ter uma mão que segura a minha?  Será que não posso tudo isso, se aquele que estiver ao meu lado puder me ajudar para que eu me transforme no melhor de mim? Mesmo que ele nunca tenha ouvido falar em evolução da alma e nem imagine o que seja nível de consciência? Será que há coerência possível nesse universo dos sentimentos?

quarta-feira, 20 de março de 2013

Eu amo o amor


E eu passei a vida agarrada a ideia do amor. E amava. Amava o amor. Ou melhor amo. O amor. Assim mesmo. Apenas o amor. O significado do amor para mim. Muitas vezes (para falar a verdade, na maioria delas) estava me relacionando com alguém, talvez até sendo feliz, mas ainda assim, só amava mesmo aquele amor que idealizara... (seria isso uma forma de infidelidade?). O portador desse amor que eu idealizei tinha algumas particularidades, claro, não fosse assim, não teria sido idealizado. A primeira delas é respeitar o amor. Entendendo-o sublime. Reverenciando-o, como eu. Depois a incondicionalidade  - credo, cor, sexo ou raça, profissão, limite do cartão de crédito, erros, acertos, tropeços, anseios e suspiros. E, finalmente, aquele olhar ansioso de quem busca evoluir, superando o que for possível dentro dessa nossa quase implacável humanidade. Esse é o fiel depositário do amor que eu amo. Para quem eu me volto, sem medir esforços, tempo, distância. Incondicionalmente. Inegociável mesmo é apenas a reciprocidade do sentimento. Só isso. Se entendo que amor é energia, é na troca que ele se renova e se fortalece. Tornam-se irrelevante as demonstrações de afeto, de gestos, de mimos e manhas, de trocas de sms e emails, de flores enviadas e recebidas, pois não me refiro a esforços e nem a doação de tempo ou dinheiro. Afinal, o amor limita o ego, caso contrário, ainda não é amor.Tudo isso é tão pouco quando tudo flui de dentro. O lado de fora quase nem existe. O outro quase inexiste, pois ele é apenas a projeção do seu amor, ouvi isso outro dia, e veio ao encontro do que penso. Pode acontecer daquele que guarda em si, o amor que amo tenha seu olhar voltado precisamente para o norte ou para o sul, enquanto eu siga navegando na vida ao léo, sem bússula e sem guias. (Como sou). Mas será imprescindível que almeje, um dia, olhar junto comigo para a mesma direção, porque eu jamais saberia deixar esse amor olhando perdidamente para o nada, enquanto eu, abençoadamente,  estivesse me deliciando com o nascer do sol sob uma paz que quase nunca me deixa. O amor mora na esperança de tornar-se melhor - e, como consequência, um outro também melhor e maior. É assim - uma extensão. Um dois em um. 

quinta-feira, 14 de março de 2013

Ritual do casamento



Muitas pessoas consideram importante legalizar a relação oficialmente através do casamento. Outros não. Isso angustia algumas mulheres (o índice é muito maior entre elas do que entre eles), a ponto de colocar um bom relacionamento em risco, quando ambos não dão a mesma prioridade a esse fato. Mas quantos, entre os que defendem essa ideia, já se perguntaram por que o ato de oficializar a união lhe é tão significativo? Representa o que?
Para que ir ao cartório, assinar papéis, ter testemunhas, se essa não é a vontade de ambos, principalmente na atualidade, onde a lei garante direitos à união estável?
Eu gosto dos ritos e seu significados que demarcam, simbolicamente, fins e começos.  Para mim só por isso se justificam os milenares ritos de passagem, como batizado, 15 anos, casamento, e até funeral. 
As coisas só possuem o significado que lhes atribuímos. Se esses rituais não são realizados de forma consciente, ficam ocos, perdem a razão que é demarcar uma nova etapa da vida. Não é inteligente marchar sempre de acordo com as convenções. Repetindo atitudes, abrindo mão do raciocínio do qual somos dotados. Seguir padrões pré-estabelecidos sem questionar não é viver, é reproduzir a existência. Não somos robôs, apesar de estarmos cada dia mais robotizados.
Se o ritual de consagrar a união matrimonial pela lei, não se justifica para o casal, então não vale à pena o desgaste da relação por algo vazio de sentido. Essa compreensão permite outro enfoque na questão e a partir disso, decisões conscientes poderão ser tomadas a dois. 
A união de dois corações oficializa-se através do amor, do carinho, do companheirismo, do respeito, da vontade livre de manterem-se juntos.
Por mais que dezenas de papéis sejam assinados, mil testemunhas compareçam, padres, bispos e papas abençoem, tudo isso só será suficiente para oficializar uma união legítima, mas completamente insignificante para selar uniões de afeto, pois não “falam” a linguagem do coração, do toque, dos sonhos comuns.  
O amor e a comunhão, libertos de culpa, para decidir o tipo de vida que ambos almejam, valerão sempre mais do que assinaturas, bençãos e testemunhas. 
O caminho mais provável para o sucesso da relação é que ambos consigam olhar para a mesma direção, o que independe de legitimidade.
Porta retratos, álbuns e vídeos de casamentos congelam um momento de celebração, mas só têm sentido quando continuam representado uma vida vivida do lado de fora.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Amor (e dissabor) virtual


Conhecer pessoas na internet é um risco, o mesmo que envolve conhecer pessoas em qualquer outro lugar. Pessoas são sempre pessoas.  Carregam fardos, enfrentam desafios, buscam conquistar seus objetivos, e entre eles está, quase sempre, encontrar o amor. É fácil conhecer pessoas difícil é reconhecê-las, esteja ela no bar da esquina ou na internet. A grande diferença é que nos relacionamentos virtuais há mais conversa, e assim, mais promessas são feitas, um maior envolvimento ocorre e mais subsídio se consegue para “atacar” a presa (se esse é o objetivo), pois quando o encontro acontece, já existirá entre eles, uma intimidade e confiança mais efetiva do que o outro casal do bar da esquina. Pode ser que tudo saia errado e a pessoa não seja aquela que você imaginou de início, mas isso não é prerrogativa do relacionamento virtual. Apostas erradas são feitas em qualquer lugar. Essa busca sempre envolverá risco, pois relacionar-se com o outro é um ato de entrega, onde a precaução costuma ser deixada de lado, estejam longe ou perto. A verdade é que as desilusões que marcam os relacionamentos virtuais, talvez com maior frequência que os outros encontros, têm como maior responsável, o fator carência - a grande doença do século. Falta de tempo, busca desenfreada por dinheiro, status, projeção no mercado de trabalho. Tudo isso coisifica o ser humano, tornando-o frívolo, preocupado em cumprir mil tarefas, esquecendo-se de quem ele é, do que está fazendo com seu tempo, com seus sonhos e com seus amores, geralmente perdidos.  A solidão assola a humanidade, não falo de estar sozinho, falo de sentir-se sozinho mesmo estando ao lado de um companheiro, ou em meio à multidão. As pessoas perderam o hábito de ouvir e serem ouvidas. Até que um dia, encontram quem as escute, geralmente em uma noite solitária, em que, de frente para o computador busca-se companhia,  e aí, sua carência já grita tão alto, que as deixam surdas para as evidências, tornando-as incapazes de perceber tolas seduções. Fato esse que seria tão evidente, se elas estivessem inteiras, supridas em suas emoções. E aí, o resultado disso, são pessoas usurpadas em seus sonhos, mutiladas em suas fantasias, feridas na alma. 
Eu sou uma defensora dos relacionamentos virtuais. Onde as pessoas têm mais coragem de falar, onde o outro te escuta sem pressa e você fica literalmente a dois, podendo apenas ser. A questão é que antes de sair em busca de uma relação de amor é preciso amar-se. Estar inteira é a única maneira de escapar de ser mais uma tão falada "vítima do amor virtual", produzido pela infelicidade, carência, solidão, baixa estima. Só estamos preparados para entrar em uma relação virtual, quando temos uma vida social, e outros pretendentes de "carne e osso"  e, ainda assim, o coração insiste em bater mais rápido quando escuta um simples aviso de um novo e.mail em sua cx postal. 
Qualquer relação a dois para ser saudável, precisa ser decorrente de uma opção, jamais da falta de opção, e quando o relacionamento é virtual, em minha opinião, o cuidado precisa ser redobrado, porque o terreno já é naturalmente propício à ilusão.  

sexta-feira, 8 de março de 2013

Algumas vezes rã, noutras escorpião


A rã e o escorpião é uma fábula escrita por Esopo no século VI aC. Eu era menina a primeira vez que a ouvi e,  meu coração puro, não me permitia entender como alguém poderia causar mal a uma pessoa que estava apenas lhe auxiliando.  Em várias ocasiões da minha vida, fiz dessa fábula uma reflexão para, finalmente, agora entender que uma ação depende de algo muito mais intenso do que simplesmente a vontade ou a força dessa vontade.
Segundo o conto houve um incêndio devastador na floresta, matando centenas de animais, muitos deles carbonizados, outros afogados ao pularem no rio no afã de salvarem suas vidas. O escorpião avaliou rapidamente os pós e contras enquanto olhava várias rãs que agilmente atravessavam as águas do rio, e, decidiu, então, propor a uma delas que salvasse sua vida. A rã,  temendo pela sua existência explicou os motivos óbvios pelo qual temia aceitar aquela proposta, afinal, o habitual é que o escorpião a picasse e ambos fossem levados ao óbito.(A tal da evidência). O escorpião rebateu seu argumento, dizendo que se estava justamente pedindo ajuda para se salvar, como poderia querer matá-la se, invariavelmente, sem ela para lhe levar, ele morreria afogado? (Intenção X Impulso) Enfim, a rã se convenceu, afinal, não haveria mesmo razões para que o escorpião implorasse pela sua ajuda se tivesse o intuito de matá-la.(Vemos o outro através do que temos dentro de nós). Tratado o acordo, o aracnídeo subiu nas costas da rã e navegou tranquilamente pelas águas por um período... de repente, o contato com a pela macia do corpo de sua salvadora, inquietou o escorpião que tentou se distrair observando a rã nadando, a água e a outra margem do rio, onde finalmente estaria seguro. Mas, algo deu errado "em seus planos", e em um impulso fora de controle, ergueu sua calda e picou a rã, morrendo os dois afogados. E ele estava à beira de ser salvo...
E assim somos... portadores de gestos irracionais, impulsos descontrolados, atitudes impensadas... tudo parece sem fundamento, apenas ações julgadas como levianas, irresponsáveis, desumanas, mas não é assim... A maioria dessa atitudes são amparadas por um inócuo instinto, ou regidos por dogmas e crenças não questionadas, e também por uma série de heranças, e como toda ela, inerente. Mas o inerente pode ser negociável. Ou não? Bom, o que me alegra nessa fábula é a certeza de que a essência é maior que tudo, não fosse isso, o escorpião não teria matado a rã. Portanto, resta uma grande esperança para as boas essências humanas, confirmando que, o modo como agimos, nem sempre define quem somos, e isso é um alento. 
A arte repete a vida, e essa fábula está aí em todo canto.  É muito difícil escolher um caminho a seguir, não sei quando fui escorpião, mas sei as vezes em que fui rã (mas nem por isso vítima). Creio que ainda desempenharei algumas vezes esses papéis durante a minha vida, e talvez o correto, fosse desempenhar o papel da rã, apenas uma vez, para nunca mais se permitir repeti-lo, afinal, para que serve a razão? Sinceramente, ainda não descobri... Só sei que ainda serei rã dezenas de vezes, primeiro porque não deixo um semelhante (por menos semelhante que seja) pelo meio do caminho se posso acolhê-lo, e segundo porque só se vive, vivendo.
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