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sábado, 30 de março de 2013

Nietzsche ou uma mão sobre a minha?


E a história do amor permanece. Um sentimento que carrega infinitas definições. Nunca acatei nenhuma delas, pela impossibilidade, a meu ver, de enquadrar qualquer sentimento. 
Observo tudo, é da minha natureza, mais aguçada ainda, pela formação em filosofia. Impossível  a mim não observar, analisar, raciocinar com justeza em busca de uma lógica. Já cometi a imprudência de tentar catalogar o amor. Sem êxito. Quando eu pensava "Yes! é isso". Vinha a chuva e molhava minha certeza. Consolava-me saber que a chuva não molhava só a mim. 
Não tenho uma visão cartesiana linear da vida, e confesso que tenho um olhar invulgar sobre as relações de amor. Até porque eu tenho uma singularidade de amar o amor, antes mesmo da pessoa. Nunca soube dizer se isso é bom ou ruim. Egoísta, talvez. 
Há muito tempo li uma frase de Quintana "O amor só é lindo quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser". Em segundos escorreguei no arco íris e cheguei ao pote de ouro... Acabava de achar o significado do meu amor. Do amor que eu amo. 
Enquanto eu crescia por dentro em uma velocidade desproporcional aos meus centímetros, eu imaginava que amaria àquele que roubasse uma camélia do pé, e a colocasse, delicadamente, atrás da minha orelha. Era essa minha terna fantasia adolescente. Com o tempo fui entendendo que os fatos são maiores que os atos, e que a camélia poderia continuar na árvore. Quando meus sonhos eram inversos à vida que se apresentava à minha volta, eu imaginava que me sentiria amada ao me enxergar limpidamente, dentro da retina do outro. Também não foi assim. E o tempo passou. E continuei fiel ao amor, e mesmo nos vários lutos que atravessei, antes de enterrar os que me foram caros um dia, eu arrancava o amor com as minhas mãos, ainda sem esperanças, naquele momento. E eu, então, o limpava e guardava-o novamente em algum canto dentro de mim. Nunca desisti dele. Enterrá-lo significava enterrar-me. 
Sempre que o chão fugia sob meus pés, as cores iam sumindo e a melodia desafinando, eu abria a cortina e deixava o sol entrar. Não podia desistir, afinal, o que eu tinha de meu, que não o amor que eu sempre amei? Segui com ele. 
Arrisco-me a dizer que ajudei alguns afetos a, senão se transformar, pelo menos a descobrir o melhor que tinham em si. Acho que não amei, mas ensaiei o amor. Nunca me senti transformada, mesmo desconfiando que fui sim, muito amada. 
Depois da camélia, muitos foram meus ideais de amor, até que no pote do arco íris descobri que o amor que eu amo, está no garimpo do ouro do outro que há em mim. Mas fantasmas rondam... E se ele não souber quem é Nietzsche, nunca tiver lido Fernando Pessoa? E se não souber discutir sobre fé e razão, não divagar sobre a alma? Por longo tempo eu disse NÃO! Absolutamente não! Preciso beber o intelecto do outro, conversar depois de fazer amor, discutir depois de fechar a última página do livro. Mas tenho presenciado coisas do amor que têm me obrigado a rever meus conceitos.  Será que não poderia ser feliz com um abraço demorado e um cigarro acesso depois de fazer amor? Deixaria para conversar sobre Nietzsche no dia seguinte, com algum colega. Não seria melhor fechar a última página do livro e não conversar nada, mas olhar para o lado e ter uma mão que segura a minha?  Será que não posso tudo isso, se aquele que estiver ao meu lado puder me ajudar para que eu me transforme no melhor de mim? Mesmo que ele nunca tenha ouvido falar em evolução da alma e nem imagine o que seja nível de consciência? Será que há coerência possível nesse universo dos sentimentos?

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