Impossível conhecer o outro.
Por um tempo acreditamos que isso se dá por culpa daquele que não se mostrou. Até reconhecer que a falha está na incapacidade do ser humano de enxergar para além do que se quer ver.
Entregar-se é perder-se. A entrega é um ato de confiança absoluta, e o outro é sempre um ilustre desconhecido. Na boa fé, você jura que conhece. E não bastando acreditar conhecê-lo, ainda costuma ousar reconhecer-se nele.
Mas quem é ele?
E passa a enxergar-se somente dentro dos olhos dele.
Ao confiar demais, você se trai. Embarca em um trem cujo maquinista não veio com referências e muito menos com garantias.
E você vai...
Muitas vezes a decepção nasce em um terreno adubado pelo excesso de boa-fé.
E aí chega um momento em que você olha, olha de novo e não se vê mais ali. No outro dia, insiste e olha de novo, e percebe que o outro já virou as costas e se foi. Você, então, não sabe mais onde está. E começa a se buscar em outros lugares, que não mais dentro daqueles olhos onde você mergulhou sem coletes salva vidas. Pronto! Temos agora um náufrago em alto mar de infinitas mágoas.
Mas é preciso lembrar que outras pessoas chegarão... Alguém que entenda que o seu direito termina quando começa o do outro.
Enquanto isso é preciso seguir nadando e perdoando a si mesmo e aos que cruzaram o seu caminho... Todos eles, sempre grandes professores.
É aquela velha máxima - decepção não mata, ensina a viver.
E ensina mesmo.
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