Desabafos relatando inúmeras
situações envolvendo relacionamentos afetivos chegam até mim de todos os
cantos, protagonizados por uma diversidade de personagens, e todos comungam de
uma mesma questão: como fazer quando o sofrimento chega forçando-nos a uma
decisão que possa nos livrar dele?
Já enviei respostas de
todos os tipos, sempre com o cuidado de me colocar dentro do problema e
tentando ser o mais imparcial possível, fazendo uso do difícil equilíbrio entre
emoção e razão. Mas como tão bem dizem "Existem três verdades: a sua, a minha e a
verdadeira". Sendo assim a
relatividade de cada história torna-se inesgotável.
Por exemplo, um homem que foi traído pela
esposa com um amigo (?) seu, me escreveu perguntando o que deveria fazer –
perdoar e manter a família ou divorciar-se? Minha opinião foi a de que pesasse
a importância da família e fosse honesto consigo mesmo sobre a possibilidade de
esquecer, porque perdoar é fácil, já esquecer... Bom, suponhamos que ele decida
manter o casamento, e anos depois a esposa o traia novamente, ou que ele se
divorcie e arrependa-se anos mais tarde ao perceber, por um motivo qualquer, que
valia a pena ter dado uma segunda chance àquela relação. Enfim, tudo sempre
pode acontecer e ninguém saberá dizer qual o melhor caminho. Pensando em tudo
isso me lembrei de um blog espetacular que achei por acaso, meses atrás, e, inacreditavelmente,
não sei o nome e não consigo mais encontrá-lo, que sabiamente dizia que o
problema relatado nunca é de fato o problema em questão. Bom, como assim? Se a
esposa o traiu e ele sofre por isso e também pela dúvida sobre qual rumo deve
dar à sua vida, não é esse o seu problema? Não, não é esse o seu problema, e
nem o meu, e nem o da torcida do flamengo. O problema está no ato insano de colocarmos
nossa felicidade sobre o colo de nossos pares, simples mortais, assim, como nós.
O que os faz merecer a sua dedicação e seu amor não é a importância que eles têm,
mas sim a importância que damos a eles. Eu poderia dizer: Mude seu olhar, e instantaneamente esse homem, até então insubstituível,
será destituído desse cargo importante, e verá se tornar um homem comum para
você, assim como é o caixa do banco, o seu cardiologista ou o vendedor de
picolé. Mas não direi isso. Seguindo o que li no blog direi a você (e a mim
também) que seja qual for o problema, e o conselho dado, jamais ocorrerá o que
no fundo, todos desejamos: voltar ao passado e desfazer aquele fato que tanto te magoou.
Não
interessa por que ou por quem você está sofrendo, você já existia antes dele
certo? Certo. Então o que importa de verdade é que você está sofrendo. E aí
você não entende o motivo de dar tanta relevância ao fato de você estar sofrendo, afinal você tem um problema concreto a
resolver: “perdôo minha esposa, ou peço o divórcio?” Mas acredite, isso é o que menos tem importância. VOCÊ está sofrendo, está magoado, está com raiva, está deprimido. ESSE É
O SEU PROBLEMA AGORA! Quem o causou não importa mais. Tire o foco de quem te magoou e vire-o para você. Entendeu? Agora sim, vamos
conversar.
E vai então o conselho do tal blog:
O que fazer para solucionar esse problema? Cuidar dele! Terapia, meditação,
caminhada, novos amigos, enfim, tudo que te faça encontrar o seu equilíbrio. A
partir daí você está pronto, seja para ir ou para ficar. Nenhuma questão e nenhuma pessoa merece
mais destaque do que você mesmo.
O sofrimento vem sempre da ilusão... A ilusão de que agora você
escolheu o caminho certo, que sua relação é a ideal, seu homem é maravilhoso e
que você será amada para sempre. Aí você se decepciona, cai do cavalo, e é
tomada por outra ilusão - de que se você tivesse escolhido outro caminho, investido
naquele outro homem teria sido amada para sempre e não estaria sofrendo. E sem
perceber homens e mulheres passam a vida toda buscando pessoas ideais para
protagonizar relacionamentos ideais. E, todos morrem antes de encontrar, porque
a insatisfação não parte do seu par, ela é sua, só você pode resolvê-la, ou
ficará trocando de amor a vida toda.
A mulher que traiu o marido causou nele
dor e decepção, mas isso jamais tomará proporções de destaque na vida desse
homem a ponto de desequilibrá-lo, se ele não tiver projetado sua felicidade nela
ou em qualquer fator externo. A constante insatisfação é o problema da
humanidade, aceite isso e tudo poderá ser modificado. A paz de espírito só pode
vir de dentro, e quando alcançada nada nem ninguém terá o poder de te fazer
feliz ou infeliz. Sem aflições, tanto faz se você está sozinho ou acompanhado,
sem aflições não existe caminho certo ou errado, sem aflições você será sempre
feliz, e, de quebra, ainda ajudará os outros a sê-lo. Antes de decidir se vai
ou fica, se manda embora ou se investe novamente na relação, descubra onde está, caminhe para dentro. Essa é o única estrada que trará respostas.