Impossível conhecer o outro. Por um tempo acreditei que isso era culpa de quem não se mostrava. Hoje sei que a falha está na incapacidade de enxergar para além do que se quer ver. Entregar-se é perder-se. A entrega é um ato de confiança absoluta, e o outro é somente um ilustre desconhecido. Na boa fé, você jura que o conhece. E não bastando acreditar conhecê-lo, você ainda tem a ousadia de reconhecer-se nele. Mas quem é ele? E aí passa a se enxergar somente dentro dos olhos dele. Ao confiar você se trai. Embarca em um trem cujo maquinista não trouxe referências. E você vai...A deslealdade do outro nasce a partir do terreno adubado por você. Um dia você olha, olha de novo e não se vê mais ali. No outro dia tenta olhar de novo, mas o outro já te virou as costas. E você não sabe mais onde está. E começa a se buscar em outros lugares que não dentro daqueles olhos onde você mergulhou sem coletes salva vidas. Pronto! Temos agora um náufrago em alto mar de infinitas mágoas.
Mas é preciso acreditar que vamos cruzar com pessoas que jamais farão isso... Alguém que entenda que o seu direito termina quando começa o do outro... Alguém que siga o que disse Jesus Cristo "não faça aos outros o que não quer que façam contigo."
Eu, por enquanto sigo nadando e perdoando a mim mesma e aos que cruzaram o meu caminho... Grandes professores. Sei que no dia em que conseguir me salvar desse afogamento, poderei ser grata.