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quarta-feira, 24 de abril de 2013

"Escrevo para não deixar passar..."


Escrever para mim sempre foi um transbordar. Posso escrever sobre a Capadócia, onde nunca estive ou sobre o Modernismo sobre o qual apenas estudei, e minhas palavras estarão, invariavelmente, traduzindo um tanto de mim. E, diga-se de passagem, me salvando de uma loucura maior... Desde muito cedo encontrei no hábito da leitura uma forma de abstrair-me daquele "entorno de mim" tão maluco. E o ato de escrever passou a ser um processo de cura, onde invariavelmente eu atirava no papel todos os sentimentos (nocivos ou não) que me entorpeciam e que, muitas vezes, cri , me levariam a um estado irreversível de insanidade. Deu certo. Nos momentos mais conturbados da minha vida, posso não encontrar tempo para caminhar ou para meditar, mas ficar sem escrever me é impossível...Na maioria das vezes, nem posto por absoluta falta de tempo de criar título, corrigir, formatar, colocar imagem. 
Escrever é a minha mais poderosa oração.
Hoje acordei muito cedo com a certeza de que seria realmente impossível escrever. Ando em um período onde um dia se dissolve em minha frente, como acontecem com as horas quando estamos ao lado de quem amamos.
"Coisas demais e tempo de menos" me assolam ultimamente. Mãe doente, viagem quase diária de 110 Km ida e volta, aulas, escola, monografia, e uma Filosofia da Religião que tem tirado minhas poucas horas de sono, repensando fé, Deus, religiões. Enfim, para completar tudo isso, hoje minha afilhada faz 10 anos. Uma menina doce, que enfrenta de forma aguerrida a separação dos pais, o retorno para a casa dos avós, um doloroso tratamento hormonal. A mãe exausta de muito mais coisas do que simplesmente o trabalho diário, decidiu que não faria nada para ela. Lembrei da minha infância e dos meus aniversários onde não tenho na memória, nenhum envolvimento afetivo dos que me cercavam nos preparativos das minhas festas. Era tudo impessoal. Só eu sei o quanto isso me perturbava.
Não poderia deixar que ela completasse uma década de vida sem uma vela, sem uma foto, sem nenhuma simbologia. E, na contramão do tempo, fiz o cachorro quente, o brigadeiro, o bolo e ainda soprei bolas. (E... ainda estou aqui, escrevendo). Liguei para ela e avisei. Daí a pouco ela chegou toda feliz e me entregou uma folha de papel em branco e uma caneta e disse: "Dinda, vim te ajudar porque se você ficar fazendo tudo sozinha não vai dar tempo de você escrever nada para mim e aí eu vou ter que passar mais um ano lendo toda noite o que você escreveu para mim nos meus outros aniversários".  Mais uma que encontra a cura na força das letras e que, estava mais ansiosa com o que eu escreveria para ela, que seria, provavelmente, também sua oração, sua força para transformações, e seu combustível do que com o bolo, o brigadeiro, o cachorro quente e as bolas...
Como disse Priscila Rodê:
"Escrevo pra não deixar passar,
pra guardar sorrisos e mudar caminhos.
Escrevo pra (você) não esquecer quanto tempo faz."

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