O blogger é atualizado de acordo com as batidas do meu coração. É um prazer tê-los comigo.

domingo, 10 de abril de 2011

PERDER DÓI


De alguma forma, em algum momento da vida somos domados. 
Aprendemos a justificar tudo, o tempo todo, para nós mesmos e para o mundo. Como forma inquestionável de sobrevivência.
Chegamos ao cúmulo do desprendimento- justificando perdas como ganhos.
Perder faz parte de viver. Crescemos perdendo... Perdemos dentes, perdemos o colo, perdemos aquela soneca no meio da tarde, perdemos a inocência.
Com o passar do tempo  nos acostumamos com a dobradinha – perder e ganhar. Mas hoje só as perdas me interessam. Sem melindres. Sem medo de parecer negativa, piegas, frustrada ou depressiva.  Perder é horrível.  Desde perder o vôo, até perder os sonhos.  O ser humano não se habituou a viver o luto como quer.  Não lhe é permitido. Ele precisa fingir. A intenção é boa, mas a conseqüência é desastrosa. A sociedade teima em criar super homens, que terminam sempre condenados às tarjas pretas.
Quando uma criança perde seu bicho de estimação, correm para substituí-lo, se perde o melhor amiguinho da escola porque ele se mudou para a China, logo lhe consolam dizendo que um dia irão visitá-lo, quando os pais se separam, dizem que vai ser bom, pois ela terá duas casas. Menosprezam a importância dos laços de afeto, na intenção de evitar o inevitável: a tristeza perante  certas situações.
Quando adolescente - não devem chorar à toa (será que alguém acha uma distração chorar?), não podem temer, pois já são quase adultos, precisam aprender a enfrentar as dificuldades com coragem... Quer mais coragem do que assumir o medo?  Sofrer pelo primeiro amor é sempre a mesma ladainha: “É isso mesmo, acontece com todo mundo, essa é só a primeira vez”. Vem a reprovação no primeiro vestibular: “Ah! Você é muito novo, no próximo a vaga será sua”. Vem o primeiro emprego e com muita dificuldade a realização de um sonho: a compra do primeiro carro que ainda sem seguro, é roubado na porta de casa: “Pense na sorte (!) que você teve, afinal foi só o carro”. PQP!
Para que esse imediatismo em se livrar da dor? Perder dói, seja lá qual for o objeto da perda. Se não há como escapar da perda, porque tem que escapar do sofrimento que ela causa?  É assim que desde muito cedo somos incentivados a dissimular nossos sentimentos. Fingindo primeiro para atender ao apelo daqueles que nos querem bem, e depois, por força do hábito, fingir torna-se hábito.
Na primeira frustração do trabalho – um projeto não aprovado, um livro não editado, uma promoção que não ocorreu, corre-se para o barulho – do bar e suas muitas latas de cerveja, da boate e suas luzes que cegam, enquanto o silêncio que permite ver e analisar o que aconteceu, é objeto de horror! Chorar então, nem pensar.
Quando casado e infeliz, ficar até mais tarde no trabalho, inventar um esporte para todas as noites, ou escapulidas com outros parceiros, é mais fácil do que enfrentar o vazio da relação.  O problema parece menor com a cabeça cheia de projetos profissionais, com as piadas dos amigos, com os diferentes perfumes e as lembranças das noites quentes e vazias. Qualquer coisa que por algum tempo consiga distrair e manter longe o inevitável confronto com suas falhas e as do parceiro, é válido. Mas trancar-se no quarto sozinho ao invés de suar em campo, ou suar com outros, e perceber o que precisa ser sentido, para elaborar o que é iminente fica fora de cogitação. O segredo é correr atrás de não sentir. Anestesiar é a solução.

Um dia você se vê sozinho, mas não quer pensar o porquê de estar sozinho. E dá-lhe noitadas, sexo, bebidas, viagens, qualquer coisas que compulsivamente te afaste e te proteja de sentir. 
Quando de repente por nenhum motivo você acorda sem forças para sair da cama, o dia fica longo, você não quer ver ninguém, falar com ninguém. Desliga o celular, o computador, a campainha. Vai se olhar no espelho e perceber o quanto esteve longe. Vai pensar, vai lembrar, vai chorar. Muito. Finalmente vai se permitir sentir. E, com surpresa percebe que vai sobreviver. E entender que perder e perder-se faz parte e que dói mesmo. No seu recolhimento vai saber que você não é e nunca foi melhor, nem mais forte, nem mais inteligente, nem mais capaz do que ninguém.  Você é apenas você.
A partir do momento que compreende e aceita a sua fragilidade, você se torna uma gigante e perder ou ganhar torna-se apenas uma contingência do momento. 
Apesar de que em minha opinião, a partir daí, as chances de ganhar tornam-se muito maiores do que as de perder.

7 comentários:

Refúgio de Palavras disse...

A vida como ela é. Sábias palavras, Marcela, como sempre! Parabéns! Beijos

cláudia disse...

Cada vez que leio mas gosto do tipo de escrita...forma, formato, estilo...mas o conteúdo me machuca muito ainda...mas eu estou muito orgulhosa de vc.
Bj grande com mt amor

Liz disse...

Ler você é emocionar! Parabéns!

Arione Torres disse...

Olá querida, obrigada por sempre visitar o meu blog, adorei. O template do meu blog teve um problema e eu tive que mudar a aparência do meu blog, mas o conteúdo continua o mesmo. Te desejo uma ótima semana, um abraço e fica com Deus.

Site Relacionamentos disse...

A perda é uma dor irreparável e só amenizada com o tempo!

Anônimo disse...

Reparou como as pessoas evitam falar de perdas? Se dói?..oh se dói.
São tantas as perdas, algumas mais fortes q outras, mais sofridas. Quem saiu de um grande amor com a alma em carne viva sabe disso. Traição ou desamor, não importa o motivo, sempre dói mto. Eu diria q essa dor é quase incurável, fica latejando.
Mas a gente sobrevive a todas elas, fazem parte do viver a vida...

Joy disse...

Hoje senti vontade morrer ate cheguei a tomar uns comprimidos de Hipertenção para acabar com o sofrimento com a dor que sinti quando descobri que meu Ex (de um mes que eu ainda tinha esperança de voltar,Não por ser boba mais pq ele me falar que eu errei com ele sai com as amigas escondida para uma balada enquanto ele viajava a trabalho)...Tinha transado com uma garota numa balada...Fiquei chocada arrasada destroçada meu coração se partiu em milhares,Não sei como vou viver mais. Não vejo graças em Outros rapazes nao tneho vontade voltar pra faculdade nem trabalhar nada mais...Como vou acordar amanha? So quero dormI e que essa dor infinita suMa

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