Aly tem 22 anos e está em lua de mel com tudo que a cerca, exceto o
amor. Teve dois namoros longos e sofridos, e carrega os medos e frustrações que
essas relações plantaram nela. E ainda os aduba.
"Sempre gostei do que não pude, não devia,
e não ia me fazer bem... Ter o NÃO na frente sempre me chamou atenção e tenho
consciência disso."
Bem vinda ao meu mundo! Com a maturidade, ganhei a consciência de
que é preciso fugir dele. Mas nem sempre coloco isso em prática. Teimo em não racionalizar o que sei que precisaria ser
racionalizado. Já me protejo um pouco, do "quase" padecimento
que é viver seguindo o meu coração. Mas quando não ajo assim, me perco. E prefiro
perder o caminho, a me perder no caminho.
Essa escolha você também terá que fazer.
Você diz que sonha em amar alguém que a conheça de olhos fechados,
mas ainda não conseguiu (leu o post sobre amor e amizade?). Investir em um
amigo é uma dica, só não posso saber se boa ou ruim, porque apesar de ser uma experiência na qual acredito, nunca vivenciei.
Ao selecionar demais, você corre o risco de perder grandes amores,
que “possam lhe fazer bem de verdade”, como você diz. É preciso sensibilidade,
para olhar e ver - quem é esse homem que se apresenta para mim? Mas cuidado com
a desconfiança em excesso, somos humanos, e estamos nos referindo a um outro
que, assim, como você, também está em busca de uma parceria para o amor. Não selecione seu amor através de uma visão
cartesiana e mecanicista, que dependem sempre de garantias, e bases sólidas que
garantam o investimento na relação. No amor não há garantias. Há apenas probabilidades.
E então, você me faz a difícil pergunta – “será que um dia eu mudo”?
Melhor acreditar que sim. Eu não mudei como gostaria, mas o
suficiente para assumir (há pouquíssimo tempo) que por não saber perder, sempre
escolhi no amor, caminhos que me possibilitassem o controle de mim e do outro( e acreditava que seguia apenas o meu coração).
Foi dessa forma reducionista que sempre decidi a minha vida a dois.
Pode ter sido conveniente para quem, como eu, escolheu viver na retaguarda, mas hoje sei
que não foi o mais sábio.
Tenho um conselho para deixar a você, e o faço com muita
propriedade - descubra-se primeiro, para depois descobrir o outro. Quando você não se conhece, se trai. Conhecer-se é essencial.
A probabilidade de encontrar a felicidade torna-se muito maior.