O blogger é atualizado de acordo com as batidas do meu coração. É um prazer tê-los comigo.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Onde nasce o seu amor?


Nenhum sentimento é tão cantado, falado e discutido quanto o amor. Artistas, pessoas comuns, jovens e idosos mantêm esse tema em absoluto destaque, desde que o mundo é mundo.
Tentar definir o amor é o mesmo que buscar aprisionar o vento. Aliás ao definir qualquer coisa, sempre corremos o risco de engessar possibilidades. No famigerado tema em questão, a possibilidade é descobrir o que lhe desperta esse sentimento que, diga-se de passagem, continuará inexplicável. No relacionamento a dois, trazer para o campo da razão os motivos que possibilitaram o nascimento do amor permite uma rica descoberta de si mesmo. Inclusive uma fundamental - o que permitiu nascer, pode não sustentá-lo. Parte daí muito da infelicidade dos casais.
Particularmente, o que me faz amar é admirar e confiar. O que sustenta o  "meu amar" é seguir admirando e confiando. 
Dizem que há amores que nascem no campo da visão, outros na conversa, outros na cama, outros na conveniência, e por aí vai. O amor como eu o concebo nasce de alma para alma, mas devo fazer parte de um gueto em extinção. Mas independente de onde tenha nascido o amor, para que se mantenham é preciso um renascer diário.Há pessoas que amam aqueles que representam a figura paternal - cuidam, pagam as contas, e até educam. Outros, ao contrário, amam os que se portam como filho. Alguns amam carregar o cobiçado troféu e desfilar com aquele homem/mulher deslumbrantemente lindo e desejado. Outros amam aqueles "fazem tudo", que desempenham desde a função de encanador até a de médico. Outos amam aqueles que perguntam "quem é mesmo o presidente do Brasil?", e não sabem nem quanto é o salário mínimo (talvez porque esses lhe permitam estar sempre em destaque). Outros amam quem tem pele de pêssego, ânimo de torcida de futebol americano, carinha de anjo, cabelo de seda. Mas...desde que mantenham  tudo isso para sempre...Como é impossível, entende-se que esse é aquele ou aquela que trocará de par eternamente, esquecendo-se que pessoas normais envelhecem. Costumam ser aqueles (as) bobões que seguem pagando (literalmente) para ter ao lado a almejada pele de pêssego, mesmo quando a sua pele já for um maracujá de gaveta. Há aqueles que precisam se auto afirmar constantemente, e não se contentam com uma estável companheira, e sim com variadas e efêmeras companhias.
Amor é um sentimento universal, mas singular. Nasce em solos completamente diferentes. Ao reconhecer o seu solo a chance de colher um belo fruto é muito maior. 


domingo, 29 de julho de 2012

O tempo é agora


Em minhas incansáveis buscas deparei-me alguns anos atrás com o lema "Só por hoje" das irmandades anônimas. Nunca tive o prazer de presenciar uma reunião dessas. Estranho? Prazer sim, pois somos todos dependentes. E só por esse motivo essa frase exerce imenso poder em cada um de nós.
Uma das poucas verdades inquestionáveis na qual eu me apoio (mesmo que nem sempre consiga vivenciá-la) é a que diz que o único tempo que de fato existe é o agora - pois o ontem já se foi e o amanhã ainda será.
Perder vida remoendo o passado e planejando o futuro é um vício da humanidade que tem como conseqüência nos cegar. Perdemos aquilo que está no palco, já em cena, tentando adivinhar o que ainda está nas coxias. Deixamos de aplaudir o que acontece. Desperdiçamos chances, pessoas, sentimentos, situações a espera do que “pode” vir a ser.
Sei que é preciso um excesso de racionalidade para repensar o tempo. A preocupação em planejar o futuro é viciante. Mas adianta de que? E se você não estiver aqui amanhã? “Mas penso no futuro dos meus filhos” E se eles não estiverem aqui amanhã? 
Tenho uma grande amiga que tinha 10 anos de casada, quando decidiu separar-se “Só vou esperar meus filhos crescerem um pouco mais”. Eles cresceram, claro, e mesmo vivendo uma infelicidade crônica que adoeceu gravemente seu rim, ela disse “Vou esperar o fim desse longo tratamento dos meus rins”. Ela perdeu o rim e continuou (e continua) vivendo muito bem com um rim só. “Vou esperar meus filhos formarem”. Formaram. “Vou esperar só o casamento da minha filha”. A filha casou. E, enfim! Ela separou-se. Esses anos todos se manteve incansável, ao seu lado, o amor de sua vida, como ela sempre me disse, que a esperou pacientemente. “Mas como posso sair de um casamento de mais de 30 anos e me casar com outro? Vou magoar meu ex-marido e não posso fazer isso”. Mais uma vez o grande amor entendeu, e aguardou mais um ano para que pudessem ficar definitivamente juntos – ela, com 60 anos e ele com 65. Uma felicidade tão grande que invadia quem atravessasse a porta daquele lar. Foram 20 anos de espera e três meses de união. Mas... a vida não espera por nossas demoras, e, ontem ele faleceu. E ela também... Vai continuar viva, mas sem vida. Inconformada ela fica falando baixinho o tempo todo, como se fosse um mantra “Porque demorei tanto?” E eu, que tanto briguei com ela durante todos esses anos, para que tomasse a decisão de ser feliz, tento consolá-la dizendo que era para ser assim, mesmo acreditando que não era.
Não há estabilidade que possa garantir o futuro que por si só é e sempre será uma grande incógnita. Essa incerteza adoece o ser humano que desesperado busca  estabilidade. Que estabilidade, se hoje você está aqui mas não há como saber se amanhã estará?
Viver bem pede sabedoria e desapego. O tempo é agora.
Ser feliz não é coisa fácil, pede sempre muita coragem.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Anseio da alma humana


O anseio pela ligação ao outro é eterno na alma humana, e essa aproximação só se concretiza com êxito quando os dois buscam, dão, sustentam, alimentam, recebem e tomam. Esse ritmo orgânico, não pode ser determinado pelo ego, pois é a expressão genuína de um processo legítimo e significativo que é impossível de ser transmitido à limitada capacidade humana de compreensão. O movimento para a fusão ocorre apenas através do amor no seu verdadeiro sentido, com todos os seus aspectos e manifestações.
Quando ocorre atração no plano físico, sem a participação do plano emocional, mental e espiritual, a experiência sempre é decepcionante, pois é uma representação superficial daquilo que a alma anseia. A consciência humana é limitada e na maioria das vezes a atração que se sente não é pela pessoa real, mas por uma imagem que a mente cria quanto ao que o parceiro deveria ser para atender a necessidades reais ou imaginárias. A pessoa real costuma ser ignorada e a pessoa que deseja insiste em sua ilusão e fica irritada quando a realidade desmente a ilusão. Poucos sabem realmente o que é o amor, e na ânsia por esse encontro, espalham vários "eu te amo" sem significado algum, como um rótulo estereotipado, usados para esconder sentimentos muito diferentes, em uma relação onde, mesmo inconscientemente, se usa o outro, explorando-o e manipulando. A experiência do amor consiste primeiro, em perceber a realidade múltipla do outro. Para tanto é necessário abandonar o ego e esvaziar-se. Só aí é possível deixar entrar o outro, para poder de verdade perceber e sentir toda a complexidade desse outro ser. Só sobre uma base sólida é possível efetuar uma troca de sentimentos. O aspecto do amor real é mais do que aceitar quem o outro é, é ter uma visão total da pessoa, incluindo seu potencial ainda não realizado. Essa visão do não - manifesto no outro é um grande ato de amor. A satisfação e o contentamento por que a alma anseia só podem ser conseguidos pela fusão com outra consciência.
Dois parceiros compatíveis precisam compartilhar determinadas idéias fundamentais sobre a vida e estar mais ou menos no mesmo plano de desenvolvimento espiritual. Discordâncias sempre haverão pois isso faz parte da diversidade dos seres humanos e contribui para o desenvolvimento de cada um. A liberdade de ter idéias diferentes é aceita e altamente construtiva quando os dois parceiros estão ancorados na verdade espiritual, pois quando a realidade espiritual é a meta final, existe apenas uma verdade que se aplica tanto às grandes questões vitais como às pequenas futilidades cotidianas. Para quem busca a realidade interior, as divergências não têm grande importância, pois logo se integram e se fundem na verdade do espírito que a tudo une. A satisfação que todos os seres almejam só ocorre à medida que seu desenvolvimento espiritual avança. Esse estado é mantido na medida em que os parceiros estão em movimento e na medida em que a destrutividade tenha cedido lugar a atitudes e comportamentos construtivos, expansivos e positivos. É comum os seres humanos ficarem estagnados, e ainda ficam surpresos quando o anseio pela unidade continua insatisfeito – relacionamentos desfeitos ou infelizes e atribuem a culpa ao parceiro, nas circunstâncias e na vida, esquecendo-se que só a partir de uma autocrítica profunda será possível uma busca consciente e um encontro verdadeiro.

terça-feira, 24 de julho de 2012

A gota d'água


Tenho mudado de opinião com certa constância ultimamente. Confesso que isso não me agrada. Será que estou ficando finalmente madura, ou boba? 
Pensava coisas que não penso mais, acreditava naquilo e desacreditava  nisso, hoje me vejo invertendo as próprias crenças...
O que antes defendia, hoje, duvido. O que antes duvidava, hoje, acato.
Que houve comigo? Não existe verdade absoluta, sempre disse isso. Mas as minhas... De certa forma eram, senão absolutas, pelo menos consistentes aos meus olhos.
Antes amava o inverno, hoje me sinto melhor no verão. Blues? Saco! aquela batida uniforme. Hoje, leio ouvindo blues. Não gastaria tempo e dinheiro cuidando dos bichos como se fossem filhos, em um mundo onde crianças passam fome. Meu cachorro dorme no meu quarto, e sabe quando estou triste.
Evidências são evidências não minimize isso - essa afirmação era um mantra para mim, hoje tenho evidências que gritam e saltam aos meus olhos e, ainda assim, minimizo.
Sempre fui forte e segura, mas como sempre é muito tempo, tenho testemunhado a mim mesma sendo frágil e insegura por causa de dúvidas que ganharam o poder de me consumir e até mesmo por um telefonema que não aconteceu. Onde estou eu? Ando com saudades de mim...
Tenho me permitido enveredar por um caminho onde nem sei se passam raios de sol, tantas vezes ele me parece cinza e ermo e me faz muito medo... Sendo que antes só colocava meus pés, onde o sol brilhasse inteiro, refletindo minha alma.
Conceitos mudam como tudo na vida.
Por muito tempo acreditei que eu era só espinho, ultimamente ando ofertando flores sem quê nem por que. Brigava muito, defendia o mundo e as pessoas, de tudo e de nada, agora ando apaixonada pelo silêncio. 
Não preciso provar nada pra ninguém eu dizia, e vivia exausta, de tanto tentar provar coisas a mim mesma... Hoje me pego provando coisas a quem me é tão próximo e tão estranho. Sinto-me exausta ao tentar inutilmente concretar esse terreno totalmente incerto onde teimo em pisar...
Não me desafio mais. Me aceito e também aceito quando me condeno. Não coloco mais minha humanidade à prova. Sou apenas isso. Mesmo às vezes me considerando tudo isso. 
Peço mais desculpas do que antes, a mim e ao mundo. Aceito melhor a inconstância das relações, de qualquer natureza. Tenho perdido minha rigidez. Ainda não sei se terei ônus ou bônus. Acredito que os dois. Tenho sentido  insegurança dentro da minha segurança. Encontrado tormentas mais do que paz. Descoberto angústias e culpas novas. 
Já entrei em uma estrada que não sei onde vai me levar. Mas... Também posso estar encontrando a estrada que me leve aonde sempre quis chegar. Quem sabe?
De uma coisa eu tenho absoluta certeza, talvez a única certeza que tenha na vida,  eu nada sei.
Defendia tanto a liberdade, mas queria o mundo em minhas mãos. Enfim, não sei dizer qual foi a minha gota d'água, mas o fato é que ela chegou! Acabo de encontrar coragem para abrir as duas mãos - não quero segurar mais nada. Coisa alguma me pertence, preciso voltar a ser livre! Ando prisioneira demais...
Literalmente cansei! Quero desligar tudo... quero achar o botão onde desliga minha cabeça e meu coração. Sinto-me exauta! Vou deixar tudo fluir...chega dessa batalha...a boas coisas da vida não são conquistadas, eles apenas chegam e ficam naturalmente.


sexta-feira, 20 de julho de 2012

Barba Azul existe


Quando criança, tinha pavor da história do “Barba Azul” – homem rico e feio que matava todas as suas mulheres que porventura entrassem em um determinado quarto do castelo. Na adolescência fui apresentada a uma nova versão do personagem, quando uma professora de literatura disse: “meninas, fujam dos Barba Azul – sempre galanteadores e infiéis”.
Cursando filosofia, em uma releitura desse conto infantil, fui apresentada a mais uma versão do temido personagem, por quem me apaixonei, não perdidamente, porque já não me perdia tão facilmente, mas digamos… Apaixonei-me verdadeiramente, pelo que ele passou a representar para mim – homem de olhos lindos, que de tão azuis, coloriam com seu brilho sua barba, conferindo-lhe esse apelido; não matava mulheres, no sentido de privar-lhes a vida, não era um sedutor e muito menos infiel, era sim, um homem honesto que sabia com precisão o que buscava em uma mulher, e nunca escondeu isso de nenhuma delas.
Enfim, ele não enganava (nem a si mesmo), não seduzia, nem prometia o que não poderia cumprir. Em minha opinião, ele era um homem muito bem resolvido e que usava de sua racionalidade em prol de um verdadeiro encontro de amor. 
Eu, particularmente, detesto sedutores, por reconhecer neles um grau elevado de insegurança, além de uma total falta de originalidade em seus discursos óbvios e repetidos – o que pode também se resumir em previsibilidade. E todas essas características causam-me enfado.
Bom, Barba Azul, apesar de não ser um sedutor, possuía requisitos que por si só, já seduziam todas as mulheres do reino – sinceridade sobre a busca de seu amor. Namorava muito, mas uma de cada vez, e sempre usando de uma verdade inimaginável, onde não cabiam frases de efeito, nem invenções para impressionar a pretendente. Apenas dizia: “Minha busca é por uma mulher que considero como sendo ideal para mim. Pode ser você, ou não. Para sabermos, convido-a a viver no meu castelo por uma semana enquanto eu vou viajar. Aceita”? Todas aceitavam, e nenhuma, apesar de dotadas de beleza e cultura, passava no teste, momento em que ele dizia: “Sinto muito, não posso casar-me com você”. Ele realmente matava, mas era o sonho dessas mulheres, e preservava o seu. Ato inteligente.
Um dia caminhava pela praia quando avistou Stella Maris “ela não era bonita, bonito eram seus olhos, bonita era sua voz… ouvi música no seu coração.” Pela primeira vez ele quis jogar suas convicções para o alto, foi até ela e disse:
“Quer morar em meu castelo”?
“Você está me pedindo em casamento”?
Por um segundo, sentiu que ia desistir de sua busca, quando rapidamente recuperou a lucidez e respondeu:
“Ainda não. Ficaremos em aposentos separados, quero primeiro, descobrir você.”
Seus olhos encheram-se de lágrimas, mas ele não queria desviar-se por um atalho incerto. Não queria viver momentos, queria apostar no “para sempre”, no qual tanto acreditava. No castelo ele a explicou que iria viajar, e deixaria com ela um molho contendo sete chaves. Ela deveria usar uma chave por dia para abrir os aposentos nelas indicados. E assim o fez – ele partiu, e ela foi conhecer cada um dos quartos.
Quando ele voltou de viagem, repetiu o ritual de anos – pegou as chaves das mãos da pretendente, trancou-se em seu quarto, assentou-se confortavelmente na poltrona, e de olhos fechados foi segurando uma por uma as chaves. As chaves continham o poder de reproduzir no seu coração todos os sentimentos que sua pretendente experimentara ao abrir cada uma das portas.
Uma era um salão de festas lotado de pessoas dançando, outra era um salão de banquetes, onde outras comiam e bebiam do melhor vinho, depois era a porta do parque de diversões, com crianças correndo para todo lado, depois a biblioteca com milhares de livros e dezenas de leitores atentos, em seguida, a cadetral com lindas músicas e sujeitos com as mais diversas expressões, quase no fim veio o jardim japonês, com seu lagos de carpas, cerejeiras em flores e casais que passeavam inebriados com tamanha beleza. Enfim, a esperada sétima chave – sala imensa, vazia de qualquer presença ou som. Absoluto silêncio. Apenas uma vela acessa e um banco, onde ela assentou-se e ficou por horas a fio, tranqüila com sua solidão. Chorou de emoção e desejou que o tempo parasse ali.
A chave transmitiu tudo a Barba Azul, que emocionado percebia que sua busca havia terminado. Levantou-se foi até Stella Maris e pediu-lhe em casamento.
“Você caminhou pelos prazeres e alegrias humanas e como todas as outras soube compartilhá-los”.
“Mas então… porque eu”?
“Porque entre todas, você foi a única que aceitou fazer companhia à minha solidão. Fácil ser companheira de danças, jantares, discussões literárias, brinquedos. Difícil foi achar quem amasse minha solidão. Nossas solidões são amigas”.
Saber o que esperamos do outro é a única maneira de não errarmos na escolha. Existem pessoas que vivem de barulho, gostam assim. Outras vivem de um falso silêncio, fogem do barulho externo, mas não se permitem calar por dentro. 
Quando você já for uma boa companhia para o seu silêncio, busque quem também o seja. Isso é amor.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Medo do amor


Em minhas arrumações semestrais, encontrei o trecho de uma carta  que escrevi a uma pessoa, não muito tempo atrás, e me remeteu a muitas sensações, justamente em um momento onde um turbilhão me atravessa e impede o uso da razão: "Nunca amei. Preferi assim, melhor ter sentimentos comuns. 95% das pessoas sofrem por amor, como não me considero burra, e nem privilegiada, não quis apostar que ficaria entre as 5%. Até hoje não experimentei as alegrias de quem amou e foi amada de fato, mas também nunca experimentei as agruras do final. Se me arrependo? Às vezes, geralmente na beira da praia quando  vejo um casal de meia idade, de mãos dadas, olhando o pôr do sol, enquanto eu caminho sozinha pela areia. Mas passa rápido".
Estou excessivamente emotiva hoje, e confesso que reler isso , me revirou por dentro.
Aquela máxima de que somos produtos do meio norteou minha vida, e cresci tentando me vacinar contra o amor, enquanto presenciava minha mãe definhando-se aos poucos, por causa do meu pai. Todos os dias,  após escovar os dentes e lavar o rosto, eu encarava o espelho e dizia olhando-me nos olhos: "nunca vou sofrer por amor". Era quase um TOC, se eu esquecesse de falar isso,  subia as escadas de casa novamente, voltava ao espelho e dizia. Meu dia só começava, depois de concluir esse ato quase  ritualístico.
Na minha adolescência, apaixonei-me apenas uma vez  Foi um relacionamento longo, cheio de aprendizados, alguns bons, outros nem tanto. Quando percebi que estava traindo o espelho, terminei.  Depois disso tive outros namorados,  que foram apenas...namorados. Voltei ao ritual do espelho. Não queria correr o risco de passar a vida  amando, e sofrendo. Aí, por um motivo qualquer, que nunca consegui explicar, resolvi comigo mesma, que o problema não era o fato de amar(no fundo, no fundo sempre acreditei muito no amor), e sim, o risco de amar e perder. Eu pensava: Se eu for muito feliz no amor, e por algum motivo perder tudo isso, vou ficar como minha mãe - enterrada em um sofrimento sem fim. A solução então, seria gostar apenas, jamais amar, pois no caso de algo dar errado, eu estaria protegida de sofrer. 
Enfim, fui fiel ao  espelho. Não sofri por amor (e vivia imaginando como seria vivê-lo).Às vezes imaginava se não estaria perdendo grandes chances por conta desse medo de sofrer. E, no final, sofri por outros motivos. Não adianta querer negociar com a vida. Ela nunca nos dá garantias.
Quanto mais alto o vôo, maior a queda. Certo? Pode ser. Mas também...
Quanto mais alto o vôo, mais bela a vista.
Partindo desses dois pressupostos, como decidir? Até que aprendi que quando o assunto é amor, não cabe decisão, a vida não pede licença, ela vem e determina, e se não aconteceu, não é porque eu consegui cumprir o que prometi ao espelho e me proteger, mas simplesmente porque ainda não havia chegado a hora.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Relacionamentos de almas


Todas as relações de casal são formados com o propósito de aprendizado. A vontade superior de cada relacionamento está sempre relacionada ao que quer que possa ser aprendido ao vivenciá-lo. Dentro do nosso plano de vida estão os tipos de relacionamentos significativos que iremos ter para aprender as nossas lições. O universo não é tão ineficiente a ponto de nos proporcionar apenas uma única possibilidade, assim sendo, as pessoas que vamos encontrar fazem-se importantes  para uma fase específica da  vida. Todavia, se você veio até esta existência com um propósito mais específico, uma grande tarefa, mesmo que pequena aos olhos dos outros,  também haverá um companheiro, com a mesma visão de vida e uma missão que combine perfeitamente com a sua, à sua espera. São os companheiros de alma. Reconhecemos um companheiro de alma da perspectiva do ser perfeito em termos de vibrações energéticas, de troca de energia, de união, de ideias superiores e também em termos de quem você é e para onde está indo. Os demais relacionamentos perdem o significado e deixam de ser ativos  quando o aprendizado é completado. Mas relacionamento de alma nunca terminam,  a conexão permanece para sempre, você é capaz de reconhecer o outro como você mesmo. Você nunca perde o erotismo, a beleza e a admiração de reconhecer o outro. Quanto mais juntos, mais semelhantes vocês irão se tornar em experiência, sabedoria e no nível da integração da consciência e da individualidade. Acredito que o relacionamento de almas é uma das maneiras mais precisas de conhecer o divino, já que a pessoa experimenta a divindade na pessoa do outro. Esse é um prólogo do quanto o relacionamento com Deus será bom. O relacionamento de almas é o primeiro passo das muitas fusões pelas quais você vai passar antes de se unir a Deus num relacionamento. 

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Ouvi dizer que isso é que é amor.


Dizem que viver o amor a dois é um paraíso cotidiano feito da felicidade. É se regozijar e maravilhar-se continuamente, juntos, um com o outro. O lar torna-se um o refúgio dos "inseparáveis”, como aqueles periquitos que se beijam sem parar e que morrem quando são separados.
E no ninho do ninho, fazendo amor, vendo TV ou lendo, mantêm-se nos braços um do outro. Se um levanta antes, deixa bilhete. Nas mínimas ações vê-se um rosto deslumbrado com tantas pequenas coisas da vida a dois. São ritmos que combinam. É ter prazer com os prazeres dele e vê-lo ter prazer com os seus prazeres.
É admirar no outro a forma de se maravilhar, de brilhar. É ser fonte de poesia permanente. É sentir-se acolhido no mundo poético do outro, que o protege e o permite freqüentar o mundo duro e cruel porque sabe que o mundo do outro alimenta a sua vida.
É desconfiar que o outro veio de longe para você, ao mesmo tempo em que o longe mora dentro dele. É uma relação que não pede clandestinidades. Um é total e absolutamente do outro. Amor profundo e fundamental. Análogo e nunca menor. É um mundo atrelado ao outro, mesmo que exista uma vida de um sem o outro, essa vida é sempre irrigada, alimentada de seiva por sua vida.
A natureza desse amor é indefinível. Entrecruzam-se. É integração mútua de um no outro. Um é a alma do outro. É fada e super-herói. Esse amor é ternura nunca antes experimentada. É a coroação de todas as potencialidades de ambos. Um fica instalado no centro de gravidade do ser do outro. É um enamoramento sempre retomado, um amor renascido continuamente. “Comigo, a flor desabrochou; com ela, encontrei a fonte do amor.” Um e outro, cada um a sua maneira e segundo a própria história têm a necessidade inalterável de amor, e ambas as carências se encontram, se agregam, se confortam. Indissoluvelmente, amada/amado, esposa/esposo, irmã/irmão, filha/filho, mãe/pai. Emana sentimento do rosto, da postura, e, sobretudo, de um não sei quê; como uma aura, um magnetismo, algo simultaneamente biofísico e psíquico... Esses dois seres se imprimem um no outro com uma profundidade prodigiosa. Presença que nunca é alterada, mas sim avivada até mesmo pela ausência. Não somente simbiose, mas, sobretudo enraizamento e incorporação de um no outro.
Enquanto ainda distante, é na idealização do outro que encontra-se companhia, pois são dois seres separados do inseparável. Presença inaudita. É amor na porta da morte e nas fontes da vida. Não experimentei, mas ouvi dizer que  isso é que é amor.

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