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terça-feira, 17 de julho de 2012

Medo do amor


Em minhas arrumações semestrais, encontrei o trecho de uma carta  que escrevi a uma pessoa, não muito tempo atrás, e me remeteu a muitas sensações, justamente em um momento onde um turbilhão me atravessa e impede o uso da razão: "Nunca amei. Preferi assim, melhor ter sentimentos comuns. 95% das pessoas sofrem por amor, como não me considero burra, e nem privilegiada, não quis apostar que ficaria entre as 5%. Até hoje não experimentei as alegrias de quem amou e foi amada de fato, mas também nunca experimentei as agruras do final. Se me arrependo? Às vezes, geralmente na beira da praia quando  vejo um casal de meia idade, de mãos dadas, olhando o pôr do sol, enquanto eu caminho sozinha pela areia. Mas passa rápido".
Estou excessivamente emotiva hoje, e confesso que reler isso , me revirou por dentro.
Aquela máxima de que somos produtos do meio norteou minha vida, e cresci tentando me vacinar contra o amor, enquanto presenciava minha mãe definhando-se aos poucos, por causa do meu pai. Todos os dias,  após escovar os dentes e lavar o rosto, eu encarava o espelho e dizia olhando-me nos olhos: "nunca vou sofrer por amor". Era quase um TOC, se eu esquecesse de falar isso,  subia as escadas de casa novamente, voltava ao espelho e dizia. Meu dia só começava, depois de concluir esse ato quase  ritualístico.
Na minha adolescência, apaixonei-me apenas uma vez  Foi um relacionamento longo, cheio de aprendizados, alguns bons, outros nem tanto. Quando percebi que estava traindo o espelho, terminei.  Depois disso tive outros namorados,  que foram apenas...namorados. Voltei ao ritual do espelho. Não queria correr o risco de passar a vida  amando, e sofrendo. Aí, por um motivo qualquer, que nunca consegui explicar, resolvi comigo mesma, que o problema não era o fato de amar(no fundo, no fundo sempre acreditei muito no amor), e sim, o risco de amar e perder. Eu pensava: Se eu for muito feliz no amor, e por algum motivo perder tudo isso, vou ficar como minha mãe - enterrada em um sofrimento sem fim. A solução então, seria gostar apenas, jamais amar, pois no caso de algo dar errado, eu estaria protegida de sofrer. 
Enfim, fui fiel ao  espelho. Não sofri por amor (e vivia imaginando como seria vivê-lo).Às vezes imaginava se não estaria perdendo grandes chances por conta desse medo de sofrer. E, no final, sofri por outros motivos. Não adianta querer negociar com a vida. Ela nunca nos dá garantias.
Quanto mais alto o vôo, maior a queda. Certo? Pode ser. Mas também...
Quanto mais alto o vôo, mais bela a vista.
Partindo desses dois pressupostos, como decidir? Até que aprendi que quando o assunto é amor, não cabe decisão, a vida não pede licença, ela vem e determina, e se não aconteceu, não é porque eu consegui cumprir o que prometi ao espelho e me proteger, mas simplesmente porque ainda não havia chegado a hora.

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