Tenho mudado de
opinião com certa constância ultimamente. Confesso que isso não me agrada. Será
que estou ficando finalmente madura, ou boba?
Pensava coisas que
não penso mais, acreditava naquilo e desacreditava nisso, hoje me vejo
invertendo as próprias crenças...
O que antes defendia,
hoje, duvido. O que antes duvidava, hoje, acato.
Que houve comigo? Não
existe verdade absoluta, sempre disse isso. Mas as minhas... De certa forma
eram, senão absolutas, pelo menos consistentes aos meus olhos.
Antes amava o
inverno, hoje me sinto melhor no verão. Blues? Saco! aquela batida uniforme. Hoje, leio ouvindo blues. Não gastaria
tempo e dinheiro cuidando dos bichos como se fossem filhos, em um mundo onde
crianças passam fome. Meu cachorro dorme no meu quarto, e sabe quando estou
triste.
Evidências são evidências não minimize isso - essa afirmação era
um mantra para mim, hoje tenho evidências que gritam e saltam aos meus olhos e,
ainda assim, minimizo.
Sempre fui forte e
segura, mas como sempre é muito tempo, tenho testemunhado a mim mesma sendo frágil
e insegura por causa de dúvidas que ganharam o poder de me consumir e até
mesmo por um telefonema que não aconteceu. Onde estou eu? Ando com saudades de mim...
Tenho me permitido
enveredar por um caminho onde nem sei se passam raios de sol, tantas vezes ele me parece cinza e ermo e me faz muito medo... Sendo que antes só colocava meus pés, onde o sol brilhasse inteiro, refletindo
minha alma.
Conceitos mudam como
tudo na vida.
Por muito tempo
acreditei que eu era só espinho, ultimamente ando ofertando flores sem quê nem
por que. Brigava muito, defendia o mundo e as pessoas, de tudo e de nada, agora ando
apaixonada pelo silêncio.
Não preciso provar nada pra ninguém eu dizia, e vivia
exausta, de tanto tentar provar coisas a mim mesma... Hoje me pego provando
coisas a quem me é tão próximo e tão estranho. Sinto-me exausta ao tentar
inutilmente concretar esse terreno totalmente incerto onde teimo em pisar...
Não me desafio mais.
Me aceito e também aceito quando me condeno. Não coloco mais minha humanidade à
prova. Sou apenas isso. Mesmo às vezes me considerando tudo isso.
Peço mais desculpas
do que antes, a mim e ao mundo. Aceito melhor a
inconstância das relações, de qualquer natureza. Tenho perdido minha rigidez. Ainda não sei se terei ônus ou bônus. Acredito
que os dois. Tenho sentido insegurança dentro da minha segurança. Encontrado tormentas mais do que paz.
Descoberto angústias e culpas novas.
Já entrei em uma
estrada que não sei onde vai me levar. Mas... Também posso estar encontrando a
estrada que me leve aonde sempre quis chegar. Quem sabe?
De uma coisa eu tenho
absoluta certeza, talvez a única certeza que tenha na vida, eu nada
sei.
Defendia tanto a liberdade, mas queria o mundo em minhas mãos. Enfim, não sei dizer qual foi a minha gota d'água, mas o fato é que ela chegou! Acabo de encontrar coragem para abrir as duas mãos - não quero segurar mais nada. Coisa alguma me pertence, preciso voltar a ser livre! Ando prisioneira demais...
Defendia tanto a liberdade, mas queria o mundo em minhas mãos. Enfim, não sei dizer qual foi a minha gota d'água, mas o fato é que ela chegou! Acabo de encontrar coragem para abrir as duas mãos - não quero segurar mais nada. Coisa alguma me pertence, preciso voltar a ser livre! Ando prisioneira demais...
Literalmente cansei! Quero desligar tudo... quero achar o botão onde desliga minha cabeça e meu coração. Sinto-me exauta! Vou deixar tudo fluir...chega dessa batalha...a boas coisas da vida não são conquistadas, eles apenas chegam e ficam naturalmente.