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sexta-feira, 28 de junho de 2013

E voltei a ficar de frente para o mar...

E  a cada vez que eu caía, levantava depressa batia as mãos nos joelhos, limpava a poeira e seguia em frente. Poucas vezes olhei para trás, e creio que isso se deu por covardia e não por coragem.  Quantas vezes escolhi sem convicção... Noutras foi um acreditar tão grande que abarcou qualquer outra opção. O destino achou de me dar seguidas rasteiras. O meu, claro. Afinal de que me importa o dos outros? Nada, desde que ficassem bem longe do meu. Mas destinos se tocam para que sejam cumpridos. Dane-se. Desconheço revolta, mas me sobra indignação. E me perturba dia e noite. Ainda. Odeio ser fantoche. Não nasci pronta para quase nada. Vou tateando tudo. Mas é vital que eu me sinta dona de mim. Detesto jogos e apostas. Achei que vivesse longe disso. Talvez tenha vivido. Até que me vi dentro de um cassino, ingenuamente acreditando estar em frente ao mar. Merda. Ao invés de sair pela porta dos fundos, fiquei. Abri mão de avistar o horizonte. Só vi roletas que giravam a minha frente. Detesto roletas, detesto o barulho, a confusão de luzes artificiais, o cheiro de perfumes fortes, misturados ao vazio. Fiquei tonta. Dopada. Quase me esqueci do mar. Me perdi entre pessoas. Fiquei estranha. Uma ilustre desconhecida. Pensei mal de mim. Semanas depois e dezenas de quilos a menos no corpo e na alma, chego a conclusão de que não fui feita para jogatinas... Fui feita para olhar o mar.  Já levantei mas ainda limpo a poeira dos joelhos. Dessa vez olhei para trás inúmeras vezes. Queria avistar pela última vez aquele que me jogou ao chão. Mas nunca tinha ninguém. Para onde foi? Tão mais fácil fingir. Não sei fugir. Deveria? Não vi o momento em que aquela mão tão conhecida me empurrou... Mais uma vez devia estar distraída em minha cadeira lendo Fernando Pessoa. Eu posso ficar distraída. Posso dar as costas. Não tenho grandes fantasmas a temer. Ou, pelo menos, não tinha. 
Não sinto falta.  Não há perda onde nunca houve ganho. Nem mentira onde nunca houve verdade. Aliás, não há nada. Nem ao menos lição. Só eu. Podia ter ficado tanta coisa daquilo que não ficou. Lamento tanto... É um nada. Nem ninguém. Nem explicação. Nem lembrança. Ainda que a tentativa desesperada de acreditar que alguma coisa foi de verdade. Só para guardar comigo, senão a pessoa, pelo menos a história.
Alguma coisa nessa história toda (ainda não descobri o quê), merece meu respeito. Mas nem mesmo para isso, encontro explicação.
Pelo menos voltei a ficar de frente para o mar quando vou ao Rio de Janeiro. E isso, não tem preço.
 

Um comentário:

eder ribeiro disse...

Às vezes, o q mais necessitamos é essa mão invisível para dentro de nós mesmo para nos conhecermos. Pq digo para dentro de nós? Pois, interpreto o cassino como aquele monstro q tenta nos reter ao encontro dos nosso desejos. Bjos.

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