Solidão é uma das palavras que a meu ver,
tem as mais lúcidas interpretações.
Para mim solidão é falta e não ausência. Pois há presença na ausência.
Alguém disse que A pior solidão é a que se
sente quando se está acompanhado. E é. Pelo menos para mim foi. Vivi essa solidão durante
anos, por escolha ou falta dela, não sei responder. É ruim você ter com quem
conversar e viver no silêncio. Ter com quem chorar, mas entender que só será
mais ou menos bem-vinda se estiver sorrindo. Ter com quer sair, mas preferir ficar.
Ter com quem dividir a vida porque se casou e ser apresentada ao imenso abismo
que há entre teoria e prática.
O pensador Nietzsche já sabia disso no
século XIX quando sabiamente escreveu - Odeio
quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira companhia.
Enfim, teoricamente tudo é maravilhoso
quando você tem alguém ao seu lado. Mas quando esse alguém e uma porta não se
diferem, certezas viram pó. Ter alguém ao lado jamais foi sinônimo de ter companhia.
Como disse, teoria nem sempre condiz com a prática.
Não acredito muito na solidão como uma
escolha de vida. Será que alguém se olha no espelho e pensa "Prefiro ser
só a ter uma companhia”? Difícil. Já dizia Aristóteles que Quem encontra prazer na solidão, ou
é fera selvagem ou é Deus.
Quem experimenta o prazer de uma
companhia, de amigos, filhos ou de um amor, sabe o gosto de dividir um
olhar, um poema, uma paisagem. Eu conheço e agradeço por isso. Prezo para que
minhas relações sejam plenas. Relacionamento é via de mão dupla, seja ele de
que natureza for. Se você doa sem receber nada em troca, a fonte seca. Pois
então, olhe para quem está ao lado. Reconheça essa presença.
Solidão a dois é a mais
difícil entre as solidões, é quando se descobre, contrário do que disse no começo, que há ausência na presença. Mas
também é o momento em que se desperta e compreende que Antes só do que
mal acompanhado.