Meu
filho,
nunca
canso de buscar compreender o que aconteceu quando você me olhou pela
primeira vez.
Alguma
coisa mudou em mim para sempre.
Através
e a partir dos seus olhos imensos, acendeu uma luz, uma espécie de clarão,
um portal que eu atravessei sem medo de me perder porque dentro dele tinha
você, que me esperava, como sempre me esperou.
Fui
entrando, senti-me segura e quis ficar mas... não era eu quem tinha
que te guiar?
Meus
caminhos cheios de pedregulhos e rachaduras, e ali o seu
e
eu, entre galhos cobertos de flores vivas
podia
ver o sol.
Desconfiei
que você precisaria tão pouco de mim.
E eu
tanto de você.
Saí
cuidadosamente para não perturbá-lo,voltei a pisar nas minhas folhas
secas.
Quase
me encolhi e fiquei para sempre.
Mas
que mãe é essa que quer o refúgio ensolarado do filho recém-nascido?
Eu.
Eu sou essa mãe. 17 anos se passaram e eu continuo querendo atravessar seus
olhos e me refugiar na sua luz.
Tantas
vezes faço isso e você nem percebe, como aconteceu hoje enquanto te ouvia ao
telefone.
Quanta maturidade,
discernimento, coragem, sabedoria.
Tudo
em você brilha alto, porque você é imenso.
Se
pudesse ficava encolhida naquele canto encantado que você guarda dentro dos
olhos.
Mas
sei que sempre preciso voltar para que você possa seguir.
Todos
os dias quando vejo o sol, digo bom dia a você.
Meu
orgulho, meu mestre, verdadeiro amor.
Você
faz a minha vida ser maior
e
eu, melhor.
Mesmo
que todas as mãos do mundo continuem soltando a minha,
tenho
seus olhos.
Te
admiro, te amo, bato palmas para você
no
gargarejo
para
sempre.
Mãe