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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Máscaras


Não sei o momento exato em que lançamos mão da nossa máscara. Talvez na adolescência, onde desejamos ser quem somos e ninguém deixa. Compreensível, vamos descobrindo o mundo enquanto ele nos descobre, e o danado costuma se implacável. Tente não se enquadrar para ver! Os adultos, sempre por trás de suas máscaras, contribuem na confecção daquelas que servirão aos neófitos, geralmente filhos, sobrinhos, netos, enteados, alunos. Particularmente não gosto daquelas de resina, prefiro como no teatro grego, confeccionadas em gesso. O molde não é tão perfeito (mas não é esse o objetivo?), mas na hora de quebrar, fica mais fácil. Ah! Você não sabia? Sim... Uma hora quebra.
Tem também aquelas típicas de carnaval que seguramos nas mãos e a levamos ao rosto ocasionalmente.

Não me recordo do dia em que usei a minha pela primeira vez – talvez tenha sido quando entendi que fazia parte da minoria, não sei. Era muito pequena e o mundo já me soava estranho. E pior, as pessoas também. Tentei a máscara de carnaval, mas com o tempo acho que meu braço doeu de tanto que precisei levá-la à cara e depois tirar. Estranhamente acho que eu tinha consciência que fazia uso desse importante instrumento de adequação social. Lembro de minha mãe, muito educada dizendo “sorria para as pessoas, elas não têm culpa de seu mau-humor”. "E eu? Tenho culpa por elas passarem na minha frente, justo no momento que estou vendo tudo de cabeça para baixo?" E foi assim que desisti da máscara de carnaval e optei pela máscara de gesso. Trocava-a como fazia com as roupas, de acordo com a necessidade do que estava do lado de fora. Tornava-me socialmente aceita e seguia interpretando, como todos. Enxergando com os olhos da maioria.
Não demorou muito e a máscara me incomodou. Se antes me sentia indevida aos olhos do mundo, pior era esse estranhamento de mim mesma. Novamente voltei a fazer uso da máscara de carnaval.E sigo com ela.
Hoje o braço já nem dói, uso-a infinitamente menos. Ainda fujo dessa “normopatia” social que me embrulha o estômago e turva a visão, mas para não viver no isolamento absoluto, por vezes lanço mão da minha máscara, e sigo descobrindo que tudo na vida tem a sua utilidade.  

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