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quinta-feira, 9 de maio de 2013

"...nem sempre posso querer aquilo que quisera querer"

Disse o filósofo Waldo Emerson que "O que está por trás de nós e o que está diante de nós são coisas pequenas comparadas ao que está dentro de nós".
Questionamentos pautaram minha existência, e não imagino como teria sido, se assim não fosse.  Minhas primeiras angústias surgiram, a partir, de um senhor muito idoso que carregava uma imensa cesta de vime nas costas, vendendo biscoitos. Aquele peso, pesava em mim, e mesmo nos dias em que não o via, ele me acompanhava. Ele passou a morar em mim. E muitas vezes, brincando de boneca, eu via aquela cesta imensa em minha imaginação, e ela vinha acompanhada de  porquês - porque tinha que ser assim, porque justo aquele velhinho e não o meu avô, ou o meu vizinho... Conjuntamente veio a descoberta da infinitude do mar, e uma inquietação latente tomou conta de mim, principalmente pelo fato de ninguém conseguir me explicar como alguma coisa poderia não ter fim; e  só fui descobrir, sozinha, anos depois, que simplesmente há coisas que não são passíveis ao entendimento humano.  No primeiro fato descobri o sentimento de inconformidade e indignação, no segundo, a constatação da efemeridade do ser e insignificância perante a Criação. Me aproximei de Deus exatamente nesses dois momentos - com mais ou menos 6 anos de idade. Eu amadurecia, definitivamente. Há caminhos que não têm volta, por mais custosos que sejam, e amadurecer é um deles. Sem saber despertava em mim, a tal da consciência. Continuei assim a vida toda, inconformada, indignada, buscando entender a Criação, Deus, o Universo. A inquietação me levou primeiro a contemplação e a angústia, depois à ação - o caminho exato da filosofia antiga até a modernidade. Angustiar-se perante o desconhecido, contemplar para abstrair e, finalmente, racionalizar o que for possível, para agir dentro de um contexto, quase sempre limitado.
Por longo tempo acreditei que pudesse transformar o que me cercava, não pude. Fiquei mais isolada que nunca, com um sentimento eterno de inadequação perante aqueles que haviam me apresentado o mundo, mesmo que de maneira "torta". Depois encontrei meus guetos, fui feliz, mas acho que de certa forma, improdutiva. Descobri que o coletivo disfarça a inquietação interna. Todas as religiões que experimentei me desviaram do foco, me distraíram do que era fundamental. Em cada uma delas, mais do que perdi tempo, perdi-me no tempo.  Na minha concepção, religião para ser seguida com louvor e obediência precisa, antes de tudo, de um indispensável sentimento de culpa. Disfarçadamente ainda vendem-se indulgências por aí, e, convenhamos, se vende é porque há quem compre. É na solidão que tudo acontece para mim. O autoconhecimento é a chave para o despertar da minha consciência, é onde estamos aptos a viver, verdadeiramente, sem intermediários, o imanente e o transcendente.
Sozinha me reconheço no outro. Sinto o frio alheio. E percebo que  dar o cobertor não é nada, perto do ato de cobrir. A humanidade é quase inerte, ainda não estamos despertos, fazemos quase nada, talvez porque como disse Schopenhauer: Eu posso fazer tudo o que eu quero, mas nem sempre posso querer aquilo que quisera querer.
Ainda somos pouco... muito pouco

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