As
pessoas da minha geração que estão em busca de novos relacionamentos poderiam
aprender algumas coisas com os jovens. Esses não desperdiçam nem o farelo dos
bons momentos, enquanto os “tios” mantêm relações como se fossem aquelas paçocas
que se quebram com facilidade, perdendo assim, a chance de saborear os vários
pedacinhos que ficam pelo chão.
Percebo
que os adolescentes namoram com uma inteligência emocional mais apurada do que
os que já passaram dos 30. Não deveria ser o contrário?
Adolescentes
namoram para fazer tudo juntos, ou porque adoram não fazer nada juntos, ou
porque curtem aquela mesma turma imensa que sobe e desce falando alto as
ladeiras de uma vida ainda leve e descomplicada. Quase sempre o casal tem os
mesmos tipos de questões – problemas com o irmão, pais que estão se
divorciando, o sofrimento para mostrar o boletim em casa, a tensão do
vestibular, a escolha da carreira, enfim... São mais amigos que amantes, mais alegres
que filósofos, mais Skank que Yann Tiersen, mais Ice que vinho tinto.
Claro
que tudo tem sua fase, mas para quem se dispuser a procurar, em tudo há sempre um
belo caminho do meio, onde se aproveita para sempre alguma lição daquele tempo
que passou.
Depois
dos 30 anos todo mundo quer um companheiro perfeito. Mas finge que não. O
discurso é o mesmo ah, todo mundo tem
defeito, é preciso relevar para estar juntos. Mas no primeiro momento de
reclusão do parceiro, pronto! Ele é difícil
demais, já passei da idade de agüentar isso” E quando era mais nova você
aguentava? Não. A diferença está em que quando você era mais nova reparava
muito mais nos deliciosos momentos de bom humor dele e nem se ligava nesses
momentos down. E quando ele encenava
essa fase, provavelmente você simplesmente
o respeitava, e saía com os amigos para se divertir, ao invés de ficar sozinha abraçada no travesseiro, ou se
embebedando em frente à TV, se consumindo com a dúvida – o que será que eu fiz?
Essa provavelmente é a cena que você protagoniza. Estou errada?
Jovens
tem uma sabedoria ímpar quando o assunto
é relacionamento a dois. Simplesmente porque eles não buscam entender. Eles apenas vivem. E acima
de tudo não colocam sobre os ombros do outro o peso da relação, como se essa
fosse vital e indispensável. Não necessitam do namorado, apenas querem estar ao
lado do namorado.
Eles
vivem em uma casa cheia – pais, irmãos, amigos,
primos. Eles tem sonhos, eles tem tempo, eles
tem coragem. Eles namoram para
somar os namorados a toda essa gente que os cerca, e também para dividir com
ele os sonhos, o tempo e a coragem de ambos.
Adultos
são limitados para relacionar-se. Sonham menos, porque já conquistaram
muito, tem estabilidade financeira, casa própria, uma profissão. Ficam mais
sozinhos – os irmãos já casaram, os pais ficaram para trás, e quando deixam um
copo em cima da TV ao saírem apressados para trabalhar pela manhã, o encontram
no mesmo local quando retornam à noite. Tem tanto tempo livre nos finais de
semana que acham imprescindível dividi-lo com alguém. O necessitar precisa dar
licença ao simples querer. A diferença é enorme! Ninguém precisa, todos apenas
querem. Querem porque é bom ter alguém ao lado para dividir.
É
preciso coragem para sair dessa roda que gira sem parar trazendo até você o que
não vale à pena... Ao se confundir entre
precisar e querer muito, você entrará naquela energia de que “qualquer
maneira de amar vale à pena”, mas nem sempre vale.