Divorciar tornou-se simples, o que evita um
sofrimento desnecessário em meio a tantos outros inevitáveis onde o maior deles são os filhos, que recebem a notícia como sentença de morte da família.
Após dissipar a revolta que senti ao perceber o tempo
perdido naquele casamento, e me perdoar por tamanha lassidão, voltei todos os
meus esforços para os meus filhos. E com isso tirei várias lições que divido abaixo com as mães guerreiras, em relação a outro divórcio - o de pai/filho.
Preencher o rombo da ausência paterna na rotina
dos filhos é uma tarefa indigna. Mães portam-se como pequenos deuses para
"salvar" sua cria. E ambos adoecem. Não cubra esse “buraco” com
presentes. Não o ensine a fugir da dor. Para superar é necessário enfrentar. Entregar
seu filho nas mãos de uma psicóloga é a decisão mais inteligente. Não sei se é regra
ou exceção (quero acreditar na exceção),
mas com o tempo, o pai vai se afastando dos filhos. Não tente buscá-lo, pois isso
não é tarefa sua. Por mais que lhe doa ver seu filho sofrer, deixe que
pai/filho resolvam essa questão. A relação pertence a eles. Não dê desculpas
tipo: "seu pai ligou sim, mas você
estava dormindo", "seu pai não veio te pegar porque está muito ocupado".
Deixe que descubra o mais rápido possível que tipo de pai terá dali para
frente. É duríssimo presenciar! Mas não há nada a se fazer. Enquanto o pai vai
refazendo a vida, espreme o espaço dos filhos em sua vida. Não culpe a namorada,
ou esposa... Ela não tem nada com isso, mesmo que tenha. Explico: se ela dificulta
ou tenta impedir a aproximação e ele aceita, quem é o babaca? Ele é o pai,
enquanto ela, bem, ela... é coadjuvante, e assim como você, também não foi
convidada a "se meter" nessa relação.
Ambas, mãe e namorada ou madrasta, jamais devem portar-se como porta-voz
do pai. Esse homem precisa se comportar como tal. E fim de papo.
Agora é hora de procurar uma psicóloga para você.
Mãe nenhuma suporta rejeição aos filhos, principalmente vindo de quem deveria
zelar por eles. Quanto antes você entender que está impotente perante o fato,
melhor. Não tente conversar com esse pai, nem mandar e-mails, ou torpedos. Ele
não vai agir com o filho como você espera. Perdeu a liga, nunca teve cordão
umbilical e não é provido de sensibilidade suficiente para compreender que sair
com o enteado ou sobrinho da esposa (ato super normal para nós, adultos), está
arranhando o filho por dentro. Custa evitar enquanto a criança se reconstrói? Mas
não diga nada, apenas dê amparo ao seu filho enquanto ele enxerga sem embaço, o
pai que tem. Cada um só dá o que pode. Mães (e alguns pais), é que sempre se
reinventam para dar o impossível. Deixe que um profissional te ajude a
compreender que você precisa focar na mãe que você é, e não no pai que ele deixou
de ser. Delete expectativas. Crie seu filho como se só existisse você na vida
dele, o resto, o pai faz como quiser, ou puder, nos intervalos. Entenda que as
madrugadas na rua e os deveres de casa serão responsabilidade sua, nos fins de
semana é você quem deixará de sair. Pensão não se discute. A lei obriga e não é favor.
Qualquer questão financeira extra, deixe que seu filho
resolva, só interfira se ele lhe pedir auxílio. Se você encontrar uma padrasto M A R A V I L H O S O
que divida tudo com você, obrigada Senhor! Senão, você dará conta sozinha, não
tenha dúvidas! Mãe pode! E os filhos reconhecem tudo!
Só diga a eles desde que acordam até a hora em
que vão se deitar "Você é
inteligente, capaz, perfeito, lindo, é impossível não te amar e não te querer
por perto". Não toque no nome do pai nunca! Quando ele sentir
necessidade em falar sobre isso, escute-o. Opine o mínimo possível. Seu papel
deve ser o de reforçar incansavelmente a importância dele para você e para o
mundo, para que cresça autoconfiante e equilibrado independente do apoio diário
que faltou do lado de lá.