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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Desconhecimento de si, desconhecimento do outro

 As pessoas hoje desconfiam das outras tempo integral. E têm seus motivos. Quando perdemos o contato com a nossa Natureza, ficamos menos humanos. Sem encontrar explicação exata, a verdade é que sempre podemos confiar em alguém que tenha uma grande natureza. Eu entendo essa "grande natureza" como indicativo de que seu portador é dotado de sentimentos nobres, e que nele podemos confiar mesmo em momentos de conflito, pois o pêndulo da natureza, no fim de tudo, sempre tenderá para compaixão.
Relações humanas são, em sua grande maioria, inconstantes e fulgazes, o que é compreensível a partir da aceitação de que não nos relacionamos bem nem conosco mesmo. Por trás das máscaras sociais intrincadas e necessárias, poucos se questionam sobre quem são verdadeiramente. Fantasiamos deixar de lado tudo o que é secundário para levar a vida sonhada. Almejamos abandonar a rotina diária em que a ausência, muito mais que a presença, nos move e nos determina. Nosso universo social é comandado por regras. A realidade é mais virtual do que afetiva. O tempo gasto no terreno espectral do mundo dos computadores ganha em larga escala do toque e do olhar. Um mundo sem plano de fundo. Estamos todos ausentes. Para atender ao mundo exterior aos poucos vamos perdendo o sentido do nosso mundo interior. Tornamo-nos sombras na nossa vida. Pessoas alienadas, protagonizam relacionamentos no território da exterioridade. Sucumbem ao ter, e exigem o comando do outro, esquecendo-se que ninguem submete a alma ao cárcere, e quem guarda o poder de amar é a alma,  não a matéria. Egoístas e perdidos de si mesmo, parceiros sentem-se satisfeitos quando entendem que a posse do outro está consumada... Quando nem ao menos conhecem o desamparo daquele que dizem amar,  forçando-o a se alegrar naquela viagem de férias, enquanto ele só queria que segurasse sua mão. 
Um dia, tudo dá errado, e o outro torna-se o "demônio". Nada disso... A consequência da desatenção a si mesmo é a desatenção a quem é o outro de fato, e não ao outro idealizado a partir de um olhar carente, inseguro e egoísta. Como conhecer o outro sem conhecer-se? E dá-lhe traição, decepção, rancor, mágoa. Tudo seria mais fácil se as pessoas buscassem a si mesmas antes de exigir do outro o que não têm a oferecer.

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