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quinta-feira, 18 de julho de 2013

Um propósito para minha existência

Meu amigo, pai, padrasto, guru, enfim, uma pessoa que vale à pena ter ao lado, me disse que hoje, dia do meu aniversário,  meu passado aumentou... Aumentaram minhas memórias, lutas, enganos. Verdade. Esse último ano, em especial, foi o ano de um grande engano.
Há uma sutil distinção entre a vida, e o ato de viver, onde navegamos os mares revoltos do momento presente. O futuro é apenas uma sombra projetada do agora, e o passado é uma folha seca ao chão - desfaz-se em cinzas. Só o presente é real. Existimos fluidicamente em um constante envolvimento com a crueza do tempo - sem antes nem depois. Tudo é ilusório, em alto grau. Vivemos em um realidade muito pequena... Carecemos de substância diante da suprema infinitude de possibilidades na existência. Racionalizamos belamente um sem número de conceitos religiosos, filosóficos, sociais, mas não percebemos que nenhuma harmonia será viável sem uma profunda transformação de nossas consciências individuais.
A vida não se encaixa em nossas banais expectativas, ela insiste em não realizar exatamente o que queremos, e quando acontece de atingirmos o que almejamos, a vida nos apresenta aquela desagradável sensação de frustração, e que nos faz sempre desejar mais do que já temos. E, então, surgem os momentos de perda e dissolução e ali ficamos, desamparados, maldizendo o mundo à nossa volta. O que é realmente valioso e digno de viver?
O movimento da vida é expansivo, mas não para fora, como uma guerra para conquistar territórios, cargo, fama, poder, prestígio que nos faria mais sedutores, idolatrados por pessoas e com ganhos materiais e emocionais. Mas um fluxo direcionado para a descoberta de si mesmo, para o amadurecimento humano integral. Mas a maioria das pessoas não quer saber destas tortuosas considerações reflexivas... Elas desejam sentir-se vitoriosas, desejam usufruir dos prazer do corpo, das riquezas, do poder. Mas a vida não se encaixa nesta perspectiva, ela segue insistindo em ser maior e mais dinâmica do que isso. Infelizes aqueles que não percebem isso.
O tempo forja a realidade última da existência, e no entanto desprezamos completamente a percepção do tempo frente às nossas experiências de vida. Nossa mente não sabe contemplar. Nós aprendemos a guardar na memória o resquícios de um tempo perdido, aquelas imagens, sentimentos e sensações congelados que fizeram parte de uma fase de nossa vida, mas que jamais conseguimos manter conosco, e nem poderíamos, pois nada disso é realmente concreto. Tudo o que vemos e percebemos são coisas, pessoas e sensações que se reconstroem a cada momento. Viver é feito dessas reconstruções, pois sem isso o mundo existencial não poderia acontecer. Nossa mente é tão viciada que costumamos olhar em volta e temos a impressão de que o tempo quase não passa, e tudo parece igual, e que aquilo continua "meu", no entanto NADA é nosso... O tempo passa e quando as mudanças acontecem (e elas estão acontecendo mesmo agora) e nos despertamos para percebê-las ficamos desesperados sem entender porque as coisas não se mantém como queremos.  Nosso vício de percepção baseado no usufruto de desejos e na imposição de nossas próprias opiniões e anseios é o real aspecto negativo da vida.
É preciso que a mente esteja mais fluida e adaptável aos processos impermanetes da existência. É preciso a calma consciência das coisas como elas são, e não como queremos que elas sejam. Esse é o meu verdadeiro propósito para mais esse novo ano de vida - o meu progresso individual, a capacidade de substituir o egoísmo e a superficialidade, viver sem artifícios, ser consciente de mim mesma e aberta aos recomeços inevitáveis - e suas consequências. E aquele grande engano que citei lá em cima foi uma das maiores lições de humildade que tive nessa  minha existência, e somente por isso, ele(com todos os seus personagens) já merece a minha gratidão.

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