O blogger é atualizado de acordo com as batidas do meu coração. É um prazer tê-los comigo.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O imediatismo do mundo


Antes o mundo me parecia calmo. 
Como nada do que existe está engessado dentro de um significado único, será então que fui eu que perdi a mansidão, e o mundo se agitou aos meus olhos? 
Ao acordar eu sempre espreguiçava, não pulava da cama como se tudo lá fora dependesse de mim para existir.  
Ao deitar eu adorava me perder em pensamentos. Não tinha tanto sono, pois não acordava tão cedo, e ficava sonhando... Sonhos possíveis e outros nem tanto. Sempre gostei de imaginar como tudo poderia ser, se não fosse daquela maneira. Tudo mesmo - eu, as pessoas, minhas relações, minhas experiências. 
Reflexão é meu esporte favorito, antes exercitado com tranqüilidade. Era possível colher impressões e constatar que no entorno de tudo que me saltava aos olhos, ainda existia um oceano a ser descoberto. E eu saboreava o novo. Agora descobrem tudo e já nos entregam em embalagens. Estamos encurralados.
Os fins de tarde no outono, aquele clima bom, minhas primas no quintal e o piano da minha avó tocando ao fundo é um cenário que jamais poderá ser desfeito, nem mesmo o tempo e sua pressa serão capazes de apagá-lo. É tatuagem na minha alma. 
O imediatismo do mundo tenta me consumir, e eu, teimosa, vou resistindo.
Antes havia uma cadência no relógio, uma coerência com o tempo. Hoje ele está desgovernado! Ou sou eu que o percebo assim? Desgovernei-me então... É uma possibilidade também!
Todas as estações do ano tinham cheiro e eu os sentia tão naturalmente que nem percebia. Só percebi que sentia, quando deixei de senti-los. E posso dizer que me eram essenciais. Eu conhecia as estações sem calendários.
Detalhes se tornaram gigantes tentando roubar nosso tempo que urge implacável. Então, nada de se ater a detalhes! A orquídea que se abriu, o beija-flor que bebe água na sua varanda, o arco-íris, os pais já idosos e suas intermináveis histórias, os filhos querendo assistir Discovery Kids com você...
A vontade de tempos calmos invade cada canto de mim diariamente. 
As coisas só possuem o sentido que atribuímos a elas, e a calma do mundo é vida para mim.

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