Li o texto que transcrevo abaixo no blog Seguindo minhas pegadas da querida Socorro Melo. Nunca vi uma dor descrita com tanta objetividade. Me senti amparada. Por breves segundos tive a sensação de que ela havia escrito para mim, aí entendi o que sempre soube - não sou a primeira e nem serei a última. Todos navegamos nesse barco de papel chamado amor e ao virar a esquina de uma história haverá sempre o risco de qualquer coração bater no poste e se acidentar gravemente. Mas há cura e chama-se tempo. Em uma decisão tranquila de virar a página, começo a me despedir dessa fase de exposição das minhas feridas vivas. E gostaria de iniciá-la deixando esse texto que retrata a dor experimentada pela Socorro, por mim, e por tantos "vocês".
Quando
ele cruzou o limiar da porta, e o vi pelas costas, levando consigo os meus
sonhos de um amor ideal, minhas esperanças de uma vida perfeita, minhas
ilusões, desmoronei. O chão abriu-se sob os meus pés, e me senti
tragada. Estava tudo acabado. A desilusão fechou-me as
portas da alegria, e da vontade de viver, e abriu-se uma torrente de lágrimas. Eu mal conseguia acreditar
que pudesse ser verdade, tudo o que estava me acontecendo. Por vezes
fechava os olhos, na esperança de ao acordar, constatar que tudo não passava de
um terrível pesadelo... Mas, não era. A vida perdera as cores, tudo me parecia
cinzento, sem sentido. Desaparecera o brilho dos meus olhos, e eu já não ouvia a música suave que cantava o
meu coração. Desmoronei.
Que dor lancinante! Nunca imaginei que o desespero causasse uma dor tão doída e
tão profunda... De angústia e tristeza foram pincelados os meus
dias. E o meu coração inconsolável, gemia, inconformado pela perda, e
pela saudade incontida.Tudo em que acreditei, tudo o que investi, tudo que mais amei,
se dissipava da minha vida como fumaça ao vento. Caí, me prostrei. Expus
as feridas da minha alma. Deixei
me conduzir pela solidão. Debati-me
à procura de veredas, de caminhos amenos, porém, nada aplacava a minha dor. Por momentos tornei-me fria,
insensível, para logo depois, tatear a procura de esperanças, e de paz
interior. Sofri horrores, por dias
que pareceram sem fim. E
me permiti ficar assim, até me esvaziar por completo de toda dor, e perceber
que a
vida é mais que o desengano. Mas aprendi, às duras penas, e o
desengano me fez compreender, que a vida é tecida na imprevisibilidade, por
pessoas falíveis, com qualidades e defeitos, e que, portanto, está sujeita aos
desencontros, e desencantos.