O sol de hoje me pareceu mais claro e forte que os outros dias. Ao senti-lo bem cedo pensei "e aí rapaz, acho que hoje você nasceu só para mim". De fato a energia foi poderosa, e me deu coragem para tocar na saudade. Matei-a da nossa maneira. É bom deixar-se guiar pelo desejo imediato, como se não houvesse amanhã. "E na verdade não há".
Em seguida percebi que esse sol diferente é o prenúncio do inverno. Entendi porque a saudade hoje acordou maior. Pude sentir o aroma do café que você coava cedo, enquanto eu, tantas vezes, me encostava no beiral da porta da cozinha e te olhava com tanto carinho... de costas, casaco preto farto, mãos no bolso, esperando a água ferver, e eu pensava antes de te entrelaçar pelas costas, no quanto te amava. Depois tomávamos café e pão de queijo (a única mineirice que te pegou) - nunca vi gostar tanto do tal do pão de queijo!
E mais um inverno vem chegando. E outro verão se vai...E vou descobrir como conviver com as nossas boas lembranças, que vão pulando como pipoca sobre mim - com gosto, cheiro e graça, na carona de cada estação.
Mas "com as primaveras aprendi a ser cortada para renascer"(ainda não aprendi, mas vou aprender).