Passei a vida tentando me manter uma pessoa inteira. Errei muito comigo. Menti para mim muito mais do que imaginei que permitiria. Não me fui fiel o tempo todo como me prometi. Me decepcionei comigo mesma. Não fui tão profunda como jurei ser. Não me olhei nos olhos todas as manhãs. Por longos períodos ouvi do meu coração só o que quis, o resto ignorei. Não fui leal ao que tão bem conhecia da minha essência. Falhei como proprietária de mim mesma. Deixei minha vida escapar das minhas mãos mais vezes do que jurei permitir. Me perder só seria aceito se fosse para me achar lá na frente. Não foi assim.. Me perdi só por me perder. Porque quebro regras erradas.
Quebrei algumas preciosas que expliquei a mim mesma, exaustivamente, que não deveriam ser quebradas. Não essas... Mas só consigo ver o que me é conveniente por pouco tempo. A lucidez vem e corrompe minha vontade de viver à margem de algumas coisas. Fingindo que não vejo o que muitos nem veriam mesmo. Tentei ser menos inteira, ficar pela metade só para descansar. Mas isso me atormenta. Preciso voltar a sentir a Bachiana 4 de Villa-Lobos, a estudar Kant que me afirma que alguém que fala a verdade com medo de ser castigado não é moral, preciso voltar a ler Fernando Pessoa, voltar a reverenciar o por do sol, a escultar o sabiá, preciso reconhecer em mim o que é meu e pedir licença ao que me invadiu por descuido. Preciso compreender quem sente o pagode, quem só estuda seu melhor ângulo na foto, quem cita Caio Fernando(sem nunca tê-lo lindo) só porque está na moda, quem reverencia o momento de tomar cerveja, que escuta o corpo e esquece o coração. Reconheço que minha fé me concede momentos de altivez - me sinto atrevidamente tão perto de Deus... isso me permite esse reconhecimento e a certeza de nem por isso sou maior ou melhor. Mas sou especial... pelo menos foi o que me disse o sabiá. E eu acredito nele.
Quebrei algumas preciosas que expliquei a mim mesma, exaustivamente, que não deveriam ser quebradas. Não essas... Mas só consigo ver o que me é conveniente por pouco tempo. A lucidez vem e corrompe minha vontade de viver à margem de algumas coisas. Fingindo que não vejo o que muitos nem veriam mesmo. Tentei ser menos inteira, ficar pela metade só para descansar. Mas isso me atormenta. Preciso voltar a sentir a Bachiana 4 de Villa-Lobos, a estudar Kant que me afirma que alguém que fala a verdade com medo de ser castigado não é moral, preciso voltar a ler Fernando Pessoa, voltar a reverenciar o por do sol, a escultar o sabiá, preciso reconhecer em mim o que é meu e pedir licença ao que me invadiu por descuido. Preciso compreender quem sente o pagode, quem só estuda seu melhor ângulo na foto, quem cita Caio Fernando(sem nunca tê-lo lindo) só porque está na moda, quem reverencia o momento de tomar cerveja, que escuta o corpo e esquece o coração. Reconheço que minha fé me concede momentos de altivez - me sinto atrevidamente tão perto de Deus... isso me permite esse reconhecimento e a certeza de nem por isso sou maior ou melhor. Mas sou especial... pelo menos foi o que me disse o sabiá. E eu acredito nele.