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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A dependência mora na alma


Segundo o médico húngaro-canadense Gabor Maté: “Drogas não causam dependência”. Como assim não causam? E aquele bando de gente esfarrapada no centro da cidade? Ele explica: “a dependência não reside na droga – ela reside na alma. Sendo assim, a cura para a dependência, portanto, não seria a destruição da droga mas sim o preenchimento do vazio na alma."
E levo essa fala para todo vício, pois seja ele qual for,  visa preencher esse vazio da alma, eu creio. E de onde vem esse vazio? De uma infância difícil, de uma casa vazia, de uma mãe depressiva, de um pai castrador, de uma grave doença, da falta de afeto, da agressividade vivenciada, da impotência perante as duras adversidades impostas quando seu universo  ainda deveria ser lúdico, e é simplesmente seco e cinza.
Lembro-me o quanto me chocou quando o marido da atriz Sandra Bullock, a traiu com uma reles atriz pornô e foi admitido em uma clínica para fazer um tratamento, e declarou "este tempo é fundamental para ajudar a mim mesmo, ajudar a minha família e ajudar a salvar o meu casamento". Toda a imprensa, na época, revelou que o tratamento era para o vício de portar-se como um "donjuan", conquistando mulheres aos borbotões. Na época assisti uma entrevista onde ele, claramente desesperado, pedia desculpas publicamente à família pelos problemas causados. Mas, a belíssima Sandra Bullock abandonou a casa da família semanas depois, com o filho à tiracolo, assim que a imprensa revelou que o marido não estava tendo apenas um caso extraconjugal, mas vários, pois além da tal atriz pornô, ele saia com outras quatro mulheres concomitantemente. 
Enfim, mais um ser humano que, diante do insuportável vazio de sua própria alma, entregou-se ao vício como forma de preencher essa lacuna e aliviar sua dor (enquanto seguiu causando dor em outras pessoas).
Os viciados em drogas, sexo, conquistas, jogos, e etc, não escolheram esse caminho. Certamente aquele que experimentou droga pela primeira vez não imaginava tornar-se um dependente. Mas tornou-se. Mas aceitar isso como se fosse uma sentença é uma imensa covardia. É  preciso a consciência de que a falta de escolha também é uma escolha. Sartre dizia de várias maneiras, que a liberdade era a nossa verdadeira prisão. E é. Se acreditamos que não temos escolha, e continuamos agindo dentro desse ou daquele paradigma, é indiscutível que optamos por isso. Se juramos que jamais voltaremos a ceder ao impulso de nos drogar e nos drogamos, fizemos essa escolha? Não, óbvio que não... O impulso é uma falta de escolha. Mas dentro da falta de escolha temos uma escolha - pedir ajuda, como fez o marido da Sandra Bullock. Ainda assim ele perdeu sua família, mas fez a escolha certa ao aceitar que sozinho não seria capaz de controlar sua compulsão.
De alguma forma, todos somos vítimas de adversidades, uns mais, outros menos. Justificar nossos possíveis desvios como sendo decorrentes dessas situações é aceitável. Mas cruzar os braços perante esse fato é pura covardia, além de uma tremenda irresponsabilidade com sua própria evolução. Ou, essa postura pode ser simplesmente uma indiferença perante tudo e todos, e aí já se trata de uma grave patologia.
Enfim, cada vez mais creio que "O importante não é o que fazemos de nós, mas o que nós fazemos daquilo que fazem de nós."

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