Pesquisadores
de uma universidade da Austrália afirmam que pessoas casadas (obviamente
entende-se aqui casais que moram juntos) vivem mais.
Lendo a
reportagem, que me foi enviada por um amigo, pude confirmar mais uma vez a
relatividade que é viver. Entendo que assim como há uniões que constroem, há
uniões que destroem. Eu fui apresentada a ambas.
Conheci um
relacionamento destrutivo que me deixou à margem da vida. Passei anos perdida
dentro de uma história de amor (?) que eu escolhi viver onde o “foram felizes”
nunca fez parte do enredo. Fui infeliz na raiz. Todos os dias eu apostava que
as coisas iriam melhorar. Até entender que o que melhora é resfriado, situação
econômica do país, dor de cabeça. Relacionamento não melhora, apenas alterna fases
quentes e mornas, como tudo na vida. O que é ruim não vai tornar-se bom. Só fui
entender isso anos mais tarde quando tudo em mim clamava por socorro. É uma experiência detestável
viver no vazio. Dizem por aí que tudo o que vivenciamos é válido, pois
deixa-nos sempre uma lição. Eu discordo. Há vivência que não acrescentam absolutamente
nada, a não ser o desejo, em vão, de nunca tê-las vivido.
Mas
conheci também um relacionamento construtivo onde tive e tenho a chance de
conhecer o que é de fato, viver a dois. Uma história de amor que eu também
escolhi viver, onde o “foram felizes” continua presente, mesmo que o “para
sempre” não possa estar garantido (o que, confesso, me angustia). Tudo vale à
pena todos os dias, e permite tranqüilidade frente ao que precisa ser relevado
e ao que não saiu absolutamente como o planejado. Relação quando é boa, é boa,
e por si só, reinventa-se todo tempo. Até os momentos daquela enfadonha
calmaria são terrenos para novas construções. É gratificante poder dividir tudo
com quem você soma. Uma relação de amor e respeito, onde há companhia, parceria,
uma mão sobre a outra, um abraço apertado naquela hora difícil, um “confio em
você” quando o mundo parece desmoronar é mais eficaz do que qualquer tipo de
medicação.
Só é
preciso muita atenção para não achar que “antes mal acompanhada do que só”,
porque uma companhia pela metade é de uma nocividade sem limites para saúde
física, mental e emocional. A pesquisa aponta que quem é casado vive mais, mas
acredito ser óbvio que o adjetivo “bem” esteja implícito antes do “casado”.
Porque eu posso garantir, sem fazer nenhum tipo de pesquisa, que pessoas mal
casadas vivem muito menos do que aquelas que vivem sozinhas.
Enfim, viver
a dois é muito bom quando contribui para que a vida de ambos fique
deliciosamente melhor. Caso contrário, ficar sozinho continua sendo uma boa
opção, pois ninguém é uma companhia tão ruim para si mesmo, que mereça a
punição de ser substituída por alguém que lhe cause mal a ponto de contribuir,
inclusive, para limitar seu tempo de vida.