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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Viva o amor ordinário!

Acabo de ler uma entrevista que me foi gentilmente enviada sobre o lançamento do livro “Tudo sobre o amor” da escritora britânica Lisa Appignanesi, e concordei totalmente com suas idéias. E a reportagem ainda trás como título a feliz colocação  “... os prazeres do amor ordinário”.
Como diz a autora “é preciso encontrar excitação na familiaridade”. “Não quer dizer que devemos ficar com a mesma pessoa a vida toda. Hoje é fácil se separar, o que é bom. Mas isso não nos ajuda a lidar melhor com a vida amorosa”.
A impressão que tenho do mundo atual é que só tem valor aquilo que é surreal e isso se encaixa na busca por um relacionamento extraordinário, sempre maior e melhor do que tudo o que já se viu e ouviu falar.
E principalmente, na busca por um amor diferente e melhor do que aquele que já se tem. Não importa o quão bom é o relacionamento atual, afinal, existe a ilusão de que sempre haverá um melhor. Com isso muitos perdem a chance de continuar vivendo o amor de verdade que é amigo, que ri, chora, compartilha, cuida, envelhece junto, permanece apesar das tempestades.
Gente! Quer maior excitação do que a intimidade? Eu desconheço. Mas a grande maioria quer novidade, paixão, coração disparado o tempo todo, mesmo com toda a efemeridade que isso implica. Ou alguém que já passou dos 18 anos acredita que algo desse tipo dura mais do que três meses? E isso, quando dura...Infelizmente há muita gente com síndrome de Peter Pan que acredita e sai em busca, e, claro, em pouco tempo parte a própria cara e os sonhos de muitas outras pessoas.
Como diz a autora existe a obsessão moderna pela felicidade, a busca por um amor extraordinário. Parece obrigatório ser feliz o tempo todo. E alguém é? Não! Claro que não! Então o que fazer? Bom, divorciar para ir em busca de um amor que não seja tão simples, ordinário e cotidiano parece que tem sido uma boa saída... É uma pena o que andam fazendo com a família... 
Todo mundo sabe o quanto defendo a felicidade a dois, mas isso não pode ser um jogo de xadrez onde se derruba um para colocar outro no lugar o tempo todo em busca de alcançar o pote de ouro que fica lá no fim do arco íris. A vida não é fantasia. Ninguém jamais será feliz o tempo todo. Relacionamento é mantido antes de tudo pela dedicação e pela vontade de estar junto, sustentado antes de tudo, é claro, pelos ingredientes básicos - amor, respeito e lealdade. 
O negócio é a pessoa encontrar a forma mais rápida de satisfazer seus desejos. O sexo é uma mercadoria mais fácil de achar do que o amor.” E assim, com essa coisificação do sexo, esse prazer imediato onde basta um olhar e... cama,  o amor perde a chance de “dar as caras”. Assim, todos perdem.  E o mundo vai ficando pior, as relações levianas, as pessoas solitárias.
Quem tem a felicidade de ter um amor ordinário que seja sábio em cutivá-lo.  Como já comentei, na busca ilusória por alguém que lhe garanta fogos de artifícios pipocando no céu todas as noites, muitos jogam fora belas noites de lua cheia que poderiam ser olhada  a dois.
Finalizando, com a autora - hoje, trocam o eterno pelo intenso.




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