O blogger é atualizado de acordo com as batidas do meu coração. É um prazer tê-los comigo.

quinta-feira, 3 de março de 2011

CACOS ESPALHADOS PELO CHÃO


Esse desabafo me foi autorizado, pela autora, a ser postado aqui. Porque apesar dela se sentir fracassada, ela é uma fênix, em um processo de eterno renascimento! E a cada vez que renasce, surge mais corajosa, sensível, inteligente, mesmo que ela não acredite nisso. Ainda! É uma história de dor, decepção, arrependimento, de "cacos espalhados pelo chão". O maior tombo veio do relacionamento virtual, mas os outros vieram através dos reais mesmo. Não errei quando disse que o fato de sermos enganados, quase sempre vem com fator carência e solidão. Precisamos aprender a desenvolver o afeto por quem somos, para não caírmos nas garras dos "picaretas" de plantão. Isso serve para os homens e mulheres. Pois as pessoas só fazem conosco aquilo que permitimos. Vamos lá, pois tenho certeza de que uma nova escritora vem chegando por aí, em breve! Beijos querida e obrigada pela confiança.
Oi Marcela,
vou tentar resumir aqui como eu conheci de perto as decepções de um relacionamento virtual.
Bem, há mais ou menos 10 anos atrás, eu estava com 28 anos, 3 filhos pequenos e 2 casamentos falidos. O último recém-desfeito, pelo mesmo motivo do anterior - traição.(Ok. Tenho algum problema, porque desde o primeiro namorado ao último marido, TODOS me traíram...rs) Estava com a auto-estima abaixo de zero, insatisfeita com meu emprego, e me sentindo um lixo, literalmente. A vida não fazia nenhum sentido pra mim. Sabe quando você fica se perguntando: o que foi que eu fiz para que tudo desse errado? E agora eu com 3 crianças que dependem de mim, sendo que eu não me agüento comigo mesma? Assim sendo, fatalmente caí numa profunda depressão, nem da cama eu levantava. Enfim, por intermédio do meu filho, fui apresentada às salas de chat, ele insistia muito para que eu fizesse alguma coisa pra me distrair. Comecei a gostar de fazer amizades, a princípio só com mulheres, que na maioria das vezes viviam situações semelhantes à minha, trocávamos confidências e experiências. Mas, de coração, eu não estava - não queria - procurando homem. De jeito nenhum! Meu coração estava em estado de choque ainda...
Passados uns 6 meses, uma bela tarde de domingo, estava eu num chat e um sujeito me chamou para papear. Proseamos horas e horas. A conversa fluiu agradável, o cara parecia uma pessoa culta, e, assim como eu, também dizia estar à procura somente de AMIZADE. Contou-me que estava recém-separado, e que a mulher, anunciou que estava grávida, para seu desespero e decepção. Começamos a nos falar todos os dias. Ele tinha e (tem) um bom emprego, me parecia uma pessoa bem de vida, bem resolvida, etc. Dizia que assumiria a criança, mas que não tinha mais nada com aquela mulher, que provavelmente engravidara para tentar segurar o casamento. Achei tudo razoável, afinal, existem MESMO mulheres que ainda hoje acreditam que seguram homem com filho (!?!?!?!!?!?!?!). Conversamos muito de julho a dezembro, e naturalmente foi surgindo uma admiração, carinho, curiosidades a mais, vontade de se conhecer melhor... Ele insistiu muito para que eu viesse para cá (cidade onde ainda moro) para conhecê-lo. Dizia que morava em uma pensão, mas com total privacidade, que eu poderia vir sem medo, que iríamos apenas nos conhecer, como bons amigos, etc, etc, etc... Menina, você acredita que, eu, em pleno século XXI, separada de dois casamentos e com bons anos nas costas, caí na conversa deste ilustre desconhecido????????????????????? NÃO! Não pensei em nada de ruim, acreditei piamente em tudo o que ele me disse, inclusive nas coisas que a princípio me pareciam meio estranhas... tipo: finais de semana ia pra SP passar com a mãe - ou então – aqui na cidade não ficava desfilando muito pelas ruas, pois no trabalho todos pensavam que ele morava na capital (???). Mas acho que na verdade eu QUIS acreditar no que ele me dizia, por isso acabava arrumando um jeito de fazer tudo parecer normal.
Combinamos tudo, e, numa baita coragem, falta de juízo, extrema carência, ingenuidade, ou sei lá o que, embarquei para um fim de semana na cidade que hoje é meu lar... rsrs
Ele já tinha me conquistado com as conversas, os elogios rasgados, as horas perdidas comigo, que me faziam sentir importante, e tantas outras coisas que os canalhas sabem fazer muito bem e nas quais nós, BESTAS E IDIOTAS que somos, acreditamos... Tudo correu maravilhosamente bem naqueles dias. Ah!! Aquele papinho de "apenas bons amigos" não demorou 15 minutos... rsrs Caímos nos braços, um do outro, e não nos largamos até a hora de eu voltar.
Aí, minha amiga, já estava tudo perdido. Eu caidinha por esse "estranho" que me pareceu saído dos sonhos de qualquer Gata Borralheira, e encontrei ali uma luz no fim do túnel, a oportunidade para uma nova vida, um recomeço do zero mesmo, longe de tudo e de todos que me fizeram mal, e que me traziam lembranças dos tempos sofridos... Nos meses que se seguiram foram inúmeras viagens, eu nunca ficava satisfeita longe dele, e vice-versa... Mas eu já tinha toda uma vida estruturada, filhos, trabalho, família... Depois de quase um ano nessa confusão, e depois de muita insistência da parte dele, com a cara e a coragem larguei TUDO, e me mudei pra cá com meus filhos. Aí começaram os tombos, amiga... Com muito pouco tempo aqui, fui descobrindo aquelas pecinhas do quebra-cabeça que não se encaixavam, sabe? Tipo - onde ele realmente morava, as várias mulheres que passavam os fins de semana com ele, de toda parte do Brasil, e, pasme!!! Ele negava tudo, veementemente, toda vez que eu o questionava.
Acontece que em menos de 1 ano eu descobri que aquele homem por quem eu me apaixonara perdidamente, simplesmente não existia... Agora, imagine você: eu longe de tudo, com meus 3 filhos já estudando aqui, eu trabalhando para manter a casa... Como contar tudo isso a meus pais?Como chegar e dizer: ferrei-me mais uma vez, voltar e encarar as pessoas rindo da minha cara de novo... Não dava, não tinha estrutura, simplesmente, eu não suportaria. E o que eu fiz???NADA - ABSOLUTAMENTE NADA! Deixei a vida correr do jeito que estava, convivendo com uma pessoa que a esta altura já me desprezava, porque eu fiz com que suas máscaras caíssem, e nenhum de nós dois suportava conviver com a realidade como ela era. Tinha no meu caminho uma primeira mulher traída e abandonada por um marido que segundo ela, sempre fora infiel; uma ex-quase-ainda-amante que já tinha 1 filho dele, e uma agora-atual-amante grávida... Sem contar as coisas mais absurdas e desrespeitosas que ia descobrindo ao longo do tempo: mensagens no celular de 500 mulheres diferentes, com quem ele mantinha estranhos relacionamentos virtuais, cheios de promessas, como comigo; e-mails eróticos e pornográficos (nojentos) de todo tipo, para as mesmas e para outras tantas. Meu Deus... Eu não acreditava que vivia tudo aquilo a tal altura da minha vida!!! Quer mais??? Eu sozinha nessa lonjura que Deus deu, sem ter onde e em quem me apoiar, escondi tudo isso de todo mundo por puro orgulho de não querer assumir mais um fracasso...  E, acredite se quiser mais sozinha do que nunca, fui me afundando cada vez mais em depressão. Deixei que minha filha do meio fosse morar com a tia, deixei que meu filho voltasse para nossa cidade, e até cheguei ao extremo de deixar que a pequena ficasse com o pai dela por quase 2 anos. Eu não tinha a menor estrutura pra nada. Me tornei uma desequilibrada. Não queria trabalhar, não queria falar com ninguém, não ia a minha cidade natal nem pra passear. Me afastei de tudo e de todos sem saber como fazer para voltar a viver, na verdade, nem sei se realmente eu queria viver... E esse homem, além de extremamente vigarista e cafajeste, ainda me torturava com ciúmes do nada e de tudo, do carteiro ao jardineiro, todos eram meus amantes, e eu nem querendo me vestir e me pentear ainda tinha condições de ter algum amante? Meu Deus! Olha, foram os anos mais sofridos e dolorosos de toda a minha vida. Houve muitas agressões: verbais, morais e físicas. Fiz um monte de boletins de ocorrência na Delegacia da Mulher, pois ele me batia, além de me colocar pra fora de casa e trancar tudo, e sumir por dias a fio, mesmo sabendo que eu não tinha ninguém aqui... Eu vivi no inferno! E tudo isso sem contar um nada para minha família. Foi há pouco tempo que contei tudo para o meu pai. Eu estava desesperada e já tinha tentando o suicídio 2 vezes...  Aos poucos trouxe meus filhos de volta, alugamos um AP pequenininho e me mudei, de novo, sem nada, só com objetos pessoais. Outra vez começar do zero... Por sorte consegui um emprego melhor, através de uma amiga que me socorreu nas horas mais difíceis que passei aqui, e aos trancos e barrancos fui me refazendo economicamente, e empurrando a vida com a barriga. E é só isso que eu faço até hoje - empurro a vida com a barriga. Tenho dentro de mim um vazio tão grande que acho que já é maior que meu eu interior. Sinto-me fracassada como mãe, como mulher, como filha, como esposa então... nem se fala. E vivo assim, afundada numa depressão sem fim, tomo trilhões de remédios - um pra dormir, um pra levantar, um pra me manter de pé, um pra chorar menos, um pra abaixar a pressão, um pra acalmar o estômago - e por aí vai. Sou tomada de enxaquecas terríveis que me deixam de cama. Não tenho a MENOR vontade de me aprontar, de sair, de conhecer NINGUÈM. Vivo na solidão de um eremita, em uma cidade com quase um milhão de habitantes. Estou em tratamento para a depressão há séculos, mas não vejo nenhuma melhora, na verdade, não quero muito sair dessa, não tenho motivação, sei lá...
A vida segue seu curso e eu vou ao léu, onde a maré me leva. Um dia está mais pra cima, no outro estou no fundo do poço... O fato é que as feridas não tiveram tempo de cicatrizarem, pois em cima delas houve novos e ainda mais profundos ferimentos. Sinto-me um caco... É isso que sou - cacos esparramados pelo chão... Sem querer me fazer de vítima, acho que fui totalmente responsável pela situação em que me encontro hoje, e talvez por isso, tanto me dói. Talvez se eu tivesse feito tudo diferente... Talvez... Se... Nunca vou saber... Só sei que tento encontrar uma força sobre-humana para me levantar toda manhã, e a mesma força para me manter de pé até a tão esperada hora de cair na cama de novo...
Bem, escrever isso aqui já é um alívio imenso...  E talvez sirva ao menos para ajudar a alertar outras mulheres que, na imensa carência que a solidão trás, acabam se deixando levar pelas mais banais histórias de homens que, no fundo, só querem se aproveitar.

9 comentários:

Anônimo disse...

Obrigada por ter me concedido este espaço. Espero que minha história sirva ao menos de alerta para outras tantas mulheres, que carentes como eu, acabam se afundando em relacionamentos que já nascem falidos. Beijos carinhosos e meu super mega agradecimento!!!

Anônimo disse...

Criatura..q história a sua!Nesse buraco q vc está, tem fundo, bata o pé e suba, vc consegue. Não caia nessa de q homem é td igual, não é. Onde vc errou? Vc só quis ser feliz, mais nada. Ainda não conseguiu, passou o diabo, aprendeu. Agora chega, começe a se arrumar pra vida, novos planos e objetivos.Se a vida não valeu à pena até agora, não foi sua culpa. Vc ainda tem mtas chances, aproveite...Boa sorte.

Ludy disse...

Colega...que história
Não dá para mandar matar esse sujeito não???
Depois desse texto aqui, vai tem muita gente se oferecendo para fazer esse serviço.
Vagabundo!

Anônimo disse...

Sei que é fácil opinar, mas você não meteu essa vagabundo na cadeia?
Outras certamente cairão nas lãbias desse doente mental!
Mulheres vamos acordar!!!! Os vagabundo estão à solta, podem ser um vizinho de porta ou um inocente amiguinho da internet! Preste atenção que ela vai mostrar a cara a qualquer hora e você não precisa sofrer como nossa amiga aí!
Levanta o rosto garota! Põe a boca no mundo! Escreve o livro como disse a Marcela! Siga sua vida com dignidade, porque cafajeste na história, é só essa bicha enrustida...

Marcela disse...

Pois é...eu sabia que essa testemunho ia mexer com as pessoas, assim como mexeu comigo. Eu defendo que auto conhecimento é a melhor defesa contra essas pessoas que, muito mais que cruéis, ou vagabundas, são completamente doentes. Emocionalmente doentes,e na minha opinião muito mais carentes e solitários do que a vítima. Ele é o maior algoz de si mesmo. Precisa dos "olhares" de todas as mulheres do mundo, precisa tê-las a seus pés, precisa do gosto da conquista, para quê? Nesse caso, um homem que ela me relatou como sendo bonito e bem sucedido profissionalmente. Mas...um desequilibrado em suas emoções. Um risco para a sociedade, porque como sua vida já é destruída, como ele já é um ser humano em frangalhos, sai por aí tentando sobreviver a custa de muitos outros alguéns que lhe possam amá-lo. É um predador, um parasita que suga o outro para se manter vivo, enquanto na realidade um ser humano desse tipo já morreu a muito tempo.
Você não minha amiga, vc é lúcida e reconhece as suas falhas. Para vc há muitas chances, inclusive a de acerta em cheio dessa vez! Enquanto ele vai continuar por aí, arrastando a sua alma podre...

Leca disse...

Quero comprar esse livro? Escreve vai garota!!! E de preferÊncia dê nome aos cafajestes...
vc é uma guerreira
bjos

Anônimo disse...

Garotas... Agradeço demais todos os depoimentos de solidariedade e até indignação.Já me fez um bem enorme compartilhar minha dor. Quanto ao livro, quero muito que saia sim,tenho muita coisa escrita já, só preciso de tempo para organizá-las. Obrigada por tudo e aguardem "Cacos II - O Terror"...rs

Mili disse...

Gente...que história...
queria tanto ler uma história com final de cinderela...mas acho que não existe né gente? Bjos Marcela! Parabéns por esse blog simplesmente DIVINO!

Anônimo disse...

"Tenho dentro de mim um vazio tão grande que acho que já é maior que meu eu interior." Essa frase me definiu tão bem que eu mesma não seria capaz de fazer. Desejo sorte e coragem para nos duas amiga.

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