É estranho quando o coração não cabe no peito e fica vazando dentro da gente, buscando outras partes que possam acolhê-lo.Senti isso poucas vezes nas vida. Aliás, pouquíssimas, mais especificamente nas três vezes, quando nasceram meus filhos. E no primeiro encontro que tive com aquele que foi, ou é, (ainda não sei) o grande amor da minha vida.E, confortável, eu seguia acreditando que isso era o que acontecia somente no momento de extrema e inexplicável emoção e felicidade. Seria a manifestação do termo "trasbordando de felicidade". Errei.
Descobri que o coração faz o mesmo movimento quando transbordamos de tristeza. Ele fica sem lugar e parece que sai escorregando, buscando não outras partes que possam acolhê-lo, mas outras partes que ajudem o peito a suportá-lo. Sinto-me abençoada por não ter sido apresentada a essa sensação tão desoladora antes. A tristeza extrema, seguida de susto, decepção e frustação, esse pavoroso mix, é estranho, tem muitas formas de se manifestar dentro da gente. Aperta o peito, arde a garganta, mareja os olhos e vez e outra, toma forma de gigante... Essa que me consome agora, adora ao me ver quieta, olhando para o nada, tentando entender os por quês, chegar sorrateira e puxar a alavanca atrás de mim para eu cair ainda mais violentamente nesse vazio no qual já me encontro, e um gelado no meu estômago vai crescendo, crescendo, crescendo à medida que desço, desço, desço sem direção, e tento me agarrar a alguma coisa em vão...
Ao contrário, o gigante da felicidade quando puxa a alavanca, é para me içar para o alto e como pena vou leve, leve, leve...subindo, subindo, subindo...voando, voando, voando...