Tenho
lido textos abençoados nesses dias áridos. E minha querida Vera Alvarenga do blog
http://mulhernaidademadura.blogspot.com/ escreveu algo que veio de encontro a mim.
O texto nasceu dela e encontrou tanto eco em mim que, sem lhe pedir
licença, o coloquei aqui, em uma grande mistura de palavras dela e minha.
Despedir
de um amor é difícil. Despedir dos sonhos é dilacerante.
Desvencilhar-se
para sempre dos abraços, dos corpos e desejos, do reconhecimento do outro
através dos sentidos, do cheiro que invade a casa ao sair do banho, pede
esforço.
É preciso
coragem para enterrar a sensação de completude, que devolvia a paz que,
teimava em te deixar, quando o mundo parecia de cabeça para baixo e ele dizia:
“estou aqui”.
Como jogar
fora os planos para um futuro cheio de dias tranqüilos, filhos crescidos, netos
nascendo, dinheiro finalmente sobrando, e a emoção de olhar para o lado, quando
se espera o embarque para aquela sonhada viagem, e ouvir: “Sobrevivemos a tudo meu
bem, e continuamos aqui, juntos e felizes”.
Quando
você vive o amor de verdade – corrigindo: quando você acredita que vive um amor
de verdade, o medo de perdê-lo é uma constante. Faz parte. Alguns fogem –
preferem não ter, a ter e conviver com o risco de perder. "Nesse perder habita a
sensação de que, por um tempo, que não se mede, a vida será ainda mais frágil
do que era."
“Quando eu era andorinha, não me sentia sozinha”. E de
repente o vôo fica solo.
“Despedir-se deste projeto que,
se pensava feito a dois é abandonar um ideal que habitava as entranhas e
justificava tudo o mais”. Será preciso inventar outros sonhos.
Esta
despedida apavora, tira do prumo, o ritmo entra em desassossego, perde-se a
direção, e tudo é pela aflição. Uma hora o medo de perder precisa ser abandonado...
ninguém pode se doar pela metade em uma relação, não é honesto. Então, você mergulha,
e aquele que era para nadar junto com você, esvazia a piscina sem te avisar. E
você se despedaça.
Ninguém
dorme amando e acorda possuído pelo desamor...
É desleal
dizer que ama se não há mais certeza, abraçar forte só para não ser indelicado,
fazer sexo só porque sexo é bom. Ali do outro lado tem alguém que ama de
verdade. É traição não dizer que alguma coisa mudou, quando mudou e deixar o
outro seguir sozinho, plantando, adubando, aguando, tirando ervas daninhas,
enquanto seu terreno já está seco e árido.
“É tempo de respiração suspensa, de medo e
necessária coragem para encarar o fato de que não tenho nenhuma garantia e que, o
único sentimento que conheço é o meu.”