Havia me esquecido o poder que temos quanto nos
sentimos importantes para as pessoas. A energia boa que tenho recebido nesses
dias difíceis, está funcionando como anestesia para minha travessia por esse
túnel incerto. Ainda não sei quantos quilômetros faltam para o fim, mas a cada
vez que olho, ele já parece mais curto.
É ruim quando te deixam no escuro. Me deixaram,
mas foi quando lembrei que tenho luz própria.
Palavras de carinho foram jorrando em minha
direção, como oxigênio, no momento em que tiraram o meu ar.
Engraçado... Me encolhi tanto perante o mundo que
deixei de interagir com ele, escolhi abri mão de trocar afetos temendo
perdê-los, e foi justamente o meu medo de sofrer o caminho direto para o meu sofrimento.
Redescobri que ter pessoas em volta de mim é como edredom no inverno, e eu abri
mão desse aconchego por tanto tempo... E foi justamente ele que me acolheu
nesses dias gelados. Deixei de lado o lado bom da vida, troquei o que eu era
pelo que eu nunca fui. Nunca pensei que seria tão rápido esse encontro de mim
comigo mesma. Minha dor foi o terreno fértil para esse encontro... Coisas da
vida.
Nas poucas vezes em que fui derrubada, meu corpo
ficou no chão, mas mantive meus olhos no horizonte. Dessa vez não foi diferente,
mantenho os olhos no futuro, mas minha dor é infinitamente maior que todas as
outras que já senti, e a cada dia que essa dor me invade, mais forte
minhas asas ficam, e mais alto sei que conseguirei voar.