14 de dezembro - sexta- feira, há muitos anos atrás...
Desembarque previsto para 18hs. Acho que não houve atraso. Na decolagem o sol brilhava lá fora. Ao aterrizar caía uma chuva fina. Levou meia hora para sair do banheiro do aeroporto buscando coragem para atravessar, finalmente, o portão de desembarque. Tremia dos pés a cabeça, para dali a pouco sentir tremer seu coração. Miscelânea de emoções. Vê-lo parado ali com um meio sorriso, camisa azul bebê e a certeza de que tudo era real. Seis meses de longas e deliciosas conversas, ajuda mútua, boas gargalhadas, muitos momentos inesquecíveis ao telefone. Uma vida compartilhada pela tela do computador. Intimidade selada. Amigos antes de amantes. Os 1000 km que deveriam separá-los, nunca tiveram esse poder. Desde o início foi assim - parceria forte como as batidas do seu coração naquele instante. Enfim...Ele a esperava com seus olhos azuis e um abraço sem pressa. Sentia seu cheiro pela primeira vez, para querê-lo para sempre.
Não sabe mais dizer quantos dias ficaram naquele paraíso que, era mesmo o mais alto topo de um paraíso. Lua imensa, noites longas, cachoeiras inexplicavelmente maravilhosas e aquele quarto... e aquela cama, naquela pousada linda. Tudo foi singular. Aquilo era sentir-se no céu. O tempo parou ali. Acontece... em momentos raros, o tempo congela, eternizando-se. Lembranças intensas que mexem com os sentidos, trazendo até hoje tanta emoção que dá vontade de chorar. Nunca soube descrevê-las. Talvez tudo tenha existido só para ficar guardado junto ao que de melhor, ela carrega dentro de si. Ocorre assim nas alquimias sagradas.
O tempo passou tão depressa...mantendo vivo cada detalhe daquele encontro, quase nada se perdeu... A não ser ele... Ela... Ele e ela? Ou foi só o tempo que passou?
Tudo aquilo teria existido para um dia simplesmente acabar? Poderá ser reconstruído? Reinventado? Pegará o avião de novo? Há risco de cair lá de cima? Há. Mas também há risco de aterrizar outra vez sob a chuva fina mais linda que o céu já mandou.
Foi bom demais! Queria ela, poder descrever, mas realmente não há palavras.
Faz hoje mais um ano de vida a dois.... Mas esse ano ela não fará as melosas e nada originais declarações de amor que fez para ele por mais de 1 década. É que a vida pregou-lhe uma peça e... Dessa vez não ficou espaço para os bilhetes de amor. Haverá novamente? Pode ser...ou não... Para eles só vale se for para continuar se sentindo no paraíso...sempre no paraíso... bem alto...e muito livre, leve, inteiro. Ninguém quer menos do que já teve um dia. Eles também não.
Viveram uma experiência que poucos têm. Foram abençoados...
E esse ano, diferente de todos os outros, o cartão tem outro destinatário:
"Caro destino,
hoje me reverencio a você e derramo toda minha gratidão ao universo por ter me presenteado com esse 14/12 que transformou a minha vida a partir daquele encontro abençoado por Deus, assim como abençoado foi sua semente e seu fruto.
Independentemente do que você reserva para mim, o que foi para sempre será.
Obrigada Senhor por essa década, e rogo-lhe que continue iluminando minha estrada e seus (nem sempre compreendidos) atalhos, para que me conduzam novamente ao alto de um paraíso, quem sabe repetindo a mesma história que vivemos um dia...Ou não..."
"Caro destino,
hoje me reverencio a você e derramo toda minha gratidão ao universo por ter me presenteado com esse 14/12 que transformou a minha vida a partir daquele encontro abençoado por Deus, assim como abençoado foi sua semente e seu fruto.
Independentemente do que você reserva para mim, o que foi para sempre será.
Obrigada Senhor por essa década, e rogo-lhe que continue iluminando minha estrada e seus (nem sempre compreendidos) atalhos, para que me conduzam novamente ao alto de um paraíso, quem sabe repetindo a mesma história que vivemos um dia...Ou não..."
