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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Prioridade e amor

Assistindo pela primeira vez uma determinada novela, fui "apresentada" a um jovem casal, pais de um bebê, justamente no dia em que a moça decide separar-se do marido. Entendi que se casaram apaixonados, mas ele, médico recém formado e visionário, lhe oferece uma vida aquém do que ela deseja. Ela trabalha em uma loja de roupas onde convive com pessoas ricas e almeja para si, a mesma vida de luxo, conforto, roupas de grife, carros, jóias. A conversa com o marido é franca e direta - cansei dessa vida de contar dinheiro, de não poder entrar em uma loja e comprar o que eu quero, de viver em um apartamento apertado, de ter que chegar em casa e passar roupa. Não é isso que sonho para meu futuro. O marido devolve dizendo que nunca lhe faltou nada. Que sempre chegou em casa a tempo de dividir com ela todas os afazeres domésticos e as obrigações com o filho. E fiel às suas prioridades (opostas às dela) ele ainda argumenta - durante esses anos fiz  de tudo para te ver feliz, sempre te dei toda atenção, amor e carinho. Sentiu-se sozinha? Faltou-lhe prazer? Algum momento falhei como companheiro? Chorando ela responde que não, que ele sempre foi perfeito, que ele é um homem maravilhoso, culto, honesto, generoso, amigo, bom amante, enfim, tudo o que uma esposa pode desejar. E ele, então, diz que não entende porque ela quer se separar, e ela define: a falta de dinheiro fez vencer nosso prazo de validade. Pede desculpas ao marido que fica chorando, e diz que tentou, mas não conseguiu ser feliz com aquela vida. Deixa o filho sob os cuidados dele e vai-se embora.
Cabem julgamentos? Para minha reles condição humana caberiam vários... Mas, como estou buscando me tornar uma pessoa melhor e maior, vou abster-me de qualquer um. Apenas digo o de sempre - prioridade é para ser respeitada, e "burro" daquele que não prestar  atenção à sua e  à do outro antes de tomar a importante decisão de construir uma família. Amor não sobrevive a sacrifícios. Amor precisa de outro amor que possa assentar-se inteiro e confortavelmente ao lado... No mesmo sofá, para comer a mesma pipoca e assistir ao mesmo filme. Não adianta o corpo estar prazerosamente recostado naquele ombro que você adora, e a cabeça estar todos os dias e noites naquela bolsa, naquele par de sapatos, naquele restaurante badalado, naquele carro importado... Tudo que custa 100 vezes mais do que o salário de ambos e que só em sonho você poderá comprar. Casal nenhum pode ser feliz quando um é infeliz. Se o médico altruísta da novela faz de sua profissão, uma missão e não um comércio, consciente de que para tanto, ganhará menos do que poderia e sente-se feliz com isso, como poderá ser feliz ao lado de uma mulher que acha que luxo é necessidade básica? Apesar do evidente sofrimento do marido, ela prestou um grande favor a ambos, pois ao abandoná-lo  abriu caminho para que um amor parceiro chegue para ele.
Antes de qualquer coisa, amor é olhar junto na mesma direção. Torna-se inviável caminhar lado a lado, quando um se dedica a aliviar a miséria humana e o outro a juntar milhões para comprar um par de brincos.

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